O engenheiro Diogo Mac Cord, atual secretário de Desestatização do Ministério da Economia em entrevista à Revista Veja (04/12), demonstrou completo desconhecimento sobre as empresas estatais brasileiras.

Na entrevista, falando sobre a Eletrobras, Mac Cord afirmou que: (i) a empresa foi impedida de participar de leilões; (ii) foi responsável do um blecaute; (iii) foi condenada por práticas predatórias e, ainda (iv) envolvida em escândalo de corrupção. Tais afirmações, rasas e sem consistência, descredencia o secretário como gestor comprometido com a coisa pública e os interesses da sociedade. A mentira, que dá a tônica do governo Bolsonaro e da atual gestão da Eletrobras, passou de irresponsabilidade e alcançou o nível do crime de responsabilidade, pois as mentiras ditas por uma autoridade pública em prejuízo da Eletrobras e seus stakeholders, causam consequências em toda a economia popular.

Antes de falarmos sobre quem é Diogo Mac Cord e os interesses que ele representa no governo federal, temos que fazer alguns esclarecimentos: (i) a Eletrobras é o agente que mais contribui para a modicidade tarifária, com grande volume de energia cotizada, lembrando que modicidade significa preço justo ao consumidor; (ii) desde 2016, quando Wilson Pinto Júnior assumiu a presidência da Eletrobras, com as bênçãos de Paulo Jorge Lemann e seu Grupo 3G Radar, a tônica do discurso governamental tem sido sempre a mentira.

Pelas medidas adotadas pelo presidente da Eletrobras, a empresa vem sendo rebaixada, seu patrimônio dilapidado, impedida de fazer investimentos e de participar de leilões da Aneel, para criar argumentos para sua privatização; (iii) a Eletrobras nunca cometeu práticas predatórias, pelo contrário, sempre esteve na vanguarda dos empreendimentos estruturantes do setor elétrico, seja sozinha ou em parcerias com a iniciativa privada, através das Sociedades de Propósito Específico, as SPE’s; (iv) apesar das dificuldades e da gestão atual voltada para sua destruição, o DNA da Eletrobras está na maioria dos grandes investimentos do setor nas últimas décadas, inclusive está ajudando na solução do apagão do Amapá de responsabilidade de uma empresa privada de fundos de investimentos, pelo que acusar a Eletrobras de responsável por um apagão é um ato leviano, covarde e criminoso; (v) a Eletrobras nunca esteve envolvida em corrupção, se houve malfeitos, estes foram praticados por dirigentes, que devem ser identificados e punidos; (vi) e a tentativa de vender a Eletrobras por preço vil, que representará aumento significativo nas contas de energia dos consumidores, para atender aos interesses dos grandes acionistas minoritários liderados pelo Grupo 3G Radar, representa crime lesa-pátria e corrupção.

Feitos os esclarecimentos e para que os leitores façam suas análises e tirem suas conclusões, nos causou espanto saber que o Secretário de Desestatização do Ministério de Economia, possui ligações estreitas com o grupo de Jorge Paulo Lemann.

Chegou ao nosso conhecimento, que no período de 2016 e 2017, o senhor Diogo Mac Cord foi estudar nos Estados Unidos e fazer um mestrado na famosa, centenária (e cara) Universidade de Harvard, como bolsista patrocinado pela Fundação Lemann. Isto mesmo, a fundação do filantropo Jorge Paulo Lemann, o homem mais interessado na privatização da Eletrobras.

Mas o Sr. Diogo Mac Cord, não está sozinho nesta empreitada, o time é grande e bem articulado. Vejamos quem são os atores recrutados para a missão de trabalhar em prol da destruição e privatização da Eletrobras a preço de banana, conseguir a descotização de sua energia e aumentar significativamente os preços das contas pagas pelos consumidores:

  1. Wilson Pinto Ferreira Júnior – presidente da Eletrobras, esse é o mais graduado da turma, está na missão desde junho de 2016, é o pai do enganoso “Projeto de Capitalização”, nome bonito para enganar a sociedade. O objetivo principal do grupo é fazer uma privatização controlada, que visa assegurar os interesses dos grandes acionistas minoritários na obtenção do controle da empresa e de quebra ganhar a descotização da energia e lucros estratosféricos, um verdadeiro negócio da China. Esse projeto foi feito sob medida para o grupo 3G Radar e Cia. Uma verdadeira vergonha!

Ressalta-se que a malfadada capitalização é, de fato, um modelo que direciona o controle da Eletrobras para um seleto grupo de grandes acionistas minoritários, liderados pela 3G Radar, que já mandam e desmandam na Eletrobras, pois indicaram, direta ou indiretamente (pela cooptação das autoridades governamentais dos ministérios da Economia e de Minas e Energia, entre outros), a maioria dos membros da Diretoria Executiva e dos Conselhos de Administração e Fiscal. Então, este modelo fere frontalmente a legislação e a Constituição, pois (i) frustra a concorrência pela aquisição do controle da Eletrobras, retirando que grupos preparados técnica e financeiramente assumam a Eletrobras, caso o modelo adotado seja outro. Tanto é verdade que os privatistas de plantão não aceitam nem conversar sobre outros modelos, mais vantajosos para o Governo e a Sociedade; e (ii) onera as sociedades civil e empresarial do país que terão arcar com tarifas elevadas de energia elétrica.

  1. José Guimarães Monfort – presidente do Conselho de Administração da Eletrobras. Colocado estrategicamente na principal cadeira do board pelos grandes acionistas minoritários com a missão de trabalhar pela privatização da empresa, ou seja, literalmente, o “lobo tomando conta do galinheiro”. Essa cadeira sempre foi ocupada por alguém indicado pelo acionista majoritário – a União.
  2. Almirante Bento Albuquerque – Ministro de Minas e Energia, um equivocado que tenta tampar o sol com uma peneira, fingindo-se acreditar que a venda da Eletrobras trará benefícios para a sociedade brasileira. Infelizmente, não aprendeu nem com o apagão do Amapá. Para Bento, que se coloca como marinheiro de primeira viagem e inocente útil (que de inocente pode não ter nada), o apagão não tem nada a ver com a empresa privada e nem com a Aneel e ONS, só falta atribuir culpa à sociedade amapaense! Todos sabem que ele tenta proteger o projeto irresponsável de privatização da Eletrobras feito milimetricamente para atender interesses inconfessáveis.
  3. Marisete Fátima Dadald Pereira – Secretária Executiva do MME. Antiga servidora do MME e Ex-Eletrosul, que chegou ao MME com os governos progressistas do presidente Lula e Dilma, foi cooptada e mudou de lado e, agora, abdicou de fazer contas corretas para aderir cegamente ao projeto de destruição e privatização da Eletrobras. Para ela é normal vender a maior empresa de energia elétrica da América Latina por míseros 14 ou 16 bilhões de reais, cerca de 30% do que custou a UHE Belo Monte. Para ela é perfeitamente aceitável acabar com cotização e fazer os consumidores pagarem novamente por ativos já amortizados e garantir maiores lucros a um grupo de privilegiados com a nefasta privatização. Infelizmente, a senhora Marisete jogou seu currículo no lixo!
  4. Elvira Cavalcanti Presta – Diretora Financeira e de Relacionamento com os Investidores da Eletrobras. Essa também está na categoria de “lobo tomando conta do galinheiro”, pois foi indicada para o cargo pelo Grupo 3G Radar. Uma aberração, conflito de interesse escancarado!
  5. Camila Gualda Sampaio de Araujo – Diretora de Conformidade da Eletrobras, substituiu a ex-diretora Lúcia Casasanta (turma da indústria do Compliance), ambas ex-Deloitte e Arthur Anderson – aquela consultoria do escândalo da ENRON, lembrando que a atual Deloitte passou por acordo recente com a CVM de erros e omissões em trabalho de Auditoria Independente. Mais um conflito de interesse escancarado, já que a Deloitte é detentora de contratos milionários com a Eletrobras.

Leia aqui a íntegra do boletim da AEEL:Informe AEEL