O Coletivo Nacional dos Eletricitários – CNE participou na quarta-feira 16/09, da 6ª rodada de negociação para o ACT 2020/2021.

A Eletrobras, além de reconhecer que a negociação vem se arrastando desde março, deixou transparecer que o objetivo da empresa é, de fato, devastar tudo aquilo que trabalhadores e trabalhadoras construíram e conquistaram com muita luta e mobilização ao longo de anos, o nosso Acordo Coletivo de Trabalho.

Entre outras aberrações, a Eletrobras propôs acabar com vários benefícios, dentre eles o Auxílio Alimentação/Refeição, retirando o tíquete das férias e a cartela extra de final de ano, inclusive, impondo, reajuste zero para a correção de todos os benefícios que são reajustados com a correção da inflação do período.

O reajuste salarial é Zero! Não satisfeita, afronta os contratos de trabalho com a suspensão do SAN até maio de 2022; retirada do ACT da cláusula referente a Normas e Regulamentos de RH, de forma que os permita alterar as regras que norteiam os planos de saúde e, assim, implementar a coparticipação do trabalhador em 50%. Isso mesmo, sem reajuste salarial e, ainda o trabalhador terá que custear em 50% do plano de saúde! Ainda não acabou! Tem a Rotatividade (demissão) de Pessoal: 1,5% a partir de outubro de 2020 e 1,5% a partir de maio de 2021.

O CNE repudiou a tentativa maquiavélica da Eletrobras de tentar acabar com benefícios e diretos atrelados ao contrato de trabalhado, deixando claro, mais uma vez, que não levará a proposta indecorosa à apreciação da categoria. Para que isso aconteça se faz necessário que a Holding respeite as conquistas da categoria e modifique a proposta.

A proposta é tão ruim, que a direção do CNE fez uma brincadeira com os RS – Relações Sindicais: COM ESSA PROPOSTA, NEM VOCÊS IRIAM LEVANTAR A MÃO PARA APROVAR! Ficamos pasmados! Descaradamente, um dos RS falou que aprovaria essa proposta sim, porque é boa!

A direção do CNE espera que na próxima rodada, o diretor de Gestão e Sustentabilidade da ELETROBRAS esteja presente, da mesma forma, um diretor de cada uma das empresas Eletrobras, de forma que possamos de fato avançar nas negociações sem concessões descabidas, pois os trabalhadores e trabalhadoras já cederam demais nos últimos anos.

Para a 7ª rodada, o CNE definiu como estratégia solicitar a prorrogação do ACT por mais 30 dias, para que cheguemos a uma proposta que contemple os anseios da categoria. Na tentativa de buscar uma solução e mais conhecimento quanto ao que quer a Eletrobras com a questão CGPAR, solicitamos que a empresa realize e repasse para o CNE, minucioso levantamento dos estudos do plano de saúde Eletrobras e das subsidiárias Eletrobras, bem como, os estudos já formatados com os números finais a serem implementados com a nova metodologia CGPAR. Para que, de posse desses dados, possamos, talvez, ter subsídios para um Raio X da situação dos planos de cada empresa, situação que precede qualquer tentativa brusca de alterá-los.

O CNE, em demonstração de boa vontade,  propôs a criação de uma comissão dos representantes dos trabalhadores, nos moldes que foi feito à época da criação do PCR, para se reunir com a empresa e ter maior conhecimento dos planos, embora, fica registrado, que o tempo é curto para uma melhor percepção e compreensão de um assunto tão complexo e político.

A referida comissão será composta por dois representantes de cada Entidade de representação dos trabalhadores, a saber: Federação, Intersindical, AEEL, podendo ainda estar representada com seus respectivos advogados.

O CNE quer de fato concluir o ACT na mesa de negociação, porém, não aceitaremos o massacre que a holding quer implantar por dentro do ACT, atingindo os trabalhadores e trabalhadoras das empresas Eletrobras, muito menos aceitaremos a política reacionária de demissão de trabalhadores e trabalhadoras do sistema, que alias, vêm mantendo o sistema elétrico, funcionando 100% em plena pandemia da Covid-19, com 70% da categoria trabalhando em home office.

Finalizando, vale lembrar e ressaltar que estamos negociando dentro de um cenário, no qual trabalhadores e trabalhadoras contribuíram para que o Sistema ELETROBRAS, alcançasse em 2018 e 2019 mais de R$ 20 bilhões de lucro e, já, no primeiro semestre de 2020, lucro de R$ 4,56 bilhões. O mínimo que esperam e merecem é que sejam tratados com respeito, com um Acordo Coletivo decente!