Neste país cercado de desigualdade, fome e desemprego estrutural três prósperos bilionários comemoram os resultados recém-divulgados da “Forbes 200”: Jorge Leman, R$ 104,7 bilhões (1º bilionário do Brasil), Marcel Telles, R$ 44,99 bilhões (3º bilionário do Brasil) e Carlos Sucupira, R$ 37,35 bilhões (5º bilionário do Brasil). Os três somam o valor patrimonial de R$ 186,05 bilhões!

Pergunta: Qual o ponto comum entre eles e a Eletrobras?

Resposta: O ponto comum é a 3G Radar e o conjunto de ações que esta empresa tem influenciado dentro da Eletrobras desde o golpe contra o governo Dilma, durante todo o governo Temer e agora, na gestão de Bolsonaro.

Três dos maiores jornalistas do Brasil já expuseram estas relações espúrias:

Façamos uma breve retrospectiva:

– O trio da 3G Radar tem papel chave na privatização da Cemar no início do século e interface com a Equatorial (lembre-se que Paulo Pedrosa foi da ANEEL durante a privatização da Cemar, conselheiro da Cemar e Equatorial após a privatização e se tornou secretário de Energia no Governo Temer, contemporâneo dos primeiros anos da gestão de Wilson Pinto Junior na Eletrobras);

– Após o apoio amplo, geral e irrestrito da elite ao golpe à presidenta Dilma, o PSDB passa a influenciar posições importantes no setor de energia, com destaque para Pedro Parente na Petrobras e Wilson Pinto Junior na Eletrobras. A foto abaixo deixa clara a proximidade do Presidente Wilson com o Governador Doria em eventos realizados pela LIDE em Nova York para paparicar investidores estrangeiros:

– A força do PSDB na Eletrobras era tão grande que Elena Landau, economista histórica do PSDB, foi presidente do Conselho da Eletrobras!

– Além da sua relação com Doria, Wilson praticou uma espécie de “toma lá, da cá” ao se tornar “financiador da campanha” para a Câmara Federal do então Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que o nomeou para a presidência da Eletrobras, comportamento idêntico de Pedro Parente da Petrobras (ver site do TSE):

– Wilson também é financiador de campanhas de políticos tradicionais do PSDB paulista;

– Sua ligação com o PSDB paulista fica ainda mais forte quando David Zylbersztajn, da família do Fernando Henrique Cardoso, diz em entrevista que foi responsável pela nomeação do Wilson na CESP (daí a veneração do Wilson ao FHC no evento do Instituto do ex-presidente);

– pelos corredores das empresas Eletrobras, dizem que também tem o “dedo” da 3G Radar na validação do nome do Wilson para a Presidência da Eletrobras no início do Governo Temer (3G que circulava rotineiramente pelos corredores do MME na época do Secretário Pedrosa);

– ainda início do Governo Temer, a 3G teve um grande aliado nomeado em vaga da União para o Conselho de Administração da Eletrobras: Vicente Falconi, que tem relações históricas cantadas em verso e prosa nas biografias, tanto do trio, quanto do próprio Falconi;

– não é a toa que a 3G passou de 5% das ações preferenciais da Eletrobras em 2017 (Comunicado ao Mercado, 23/05/2017), para 10,30% das ações em 2018 (Comunicado ao Mercado, 30/05/2018), para 15,01% das ações em 2018 (Comunicado ao Mercado, 20/09/2018)!

– no meio deste caminho não havia pedras, só flores… Em 26/03/2018 a 3G indica uma candidata para o Conselho de Administração da Eletrobras (ver Aviso aos Acionistas, 26/03/2018). Trata-se de Elvira Baracuhy Presta.

– A eleição por si só faz parte do jogo de poder entre os acionistas minoritários. Consideramos o mais chocante para o mercado de capitais e o bom senso na gestão de uma companhia aberta, foi a nomeação da então conselheira Elvira Presta, previamente indicada pela 3G para o Conselho, para Diretoria Financeira da Eletrobras, no início da gestão de Bento Albuquerque, no Governo Bolsonaro (Comunicado ao Mercado, 15/02/2019) para, simplesmente, tocar o projeto de privatização!

– Tem mais ainda: A 3G é filiada à Associação de Investidores do Mercado de Capitais (AMEC) e patrocina a entidade para representar os seus interesses, conforme preceitua o Estatuto Social da AMEC. E, para espanto geral, na vaga da União no Conselho, foi nomeado o Sr. Mauro Cunha, quando ocupava a presidência da AMEC. Perceba que este senhor não foi nomeado na vaga dos minoritários!

– A Amec reúne cerca de 60 investidores institucionais, locais e estrangeiros, que possuem mandatos de investimento no mercado brasileiro de ações de aproximadamente R$ 700 bilhões. Tendo em vista que a Eletrobras tem centenas de acionistas nacionais e estrangeiros (que não associados na AMEC), esta nomeação pode ser questionada sob o espectro de conflito de interesse!

– O Sr. Mauro foi nomeado no Governo Temer e reconduzido no Governo Bolsonaro…

Percebam a força da 3G na Diretoria e Conselho da Eletrobras. Toda esta situação foi registrada formalmente pela Associação de Empregados da Eletrobras, AEEL, no seu voto na Assembleia Geral Ordinária (clique aqui).

Ontem, no dia 04/11, chegamos ao absurdo de ter no site da Eletrobras um Comunicado ao Mercado, assinado pela Diretora da Eletrobras, Elvira Presta.

As entidades sindicais travarão uma árdua luta no Congresso na defesa da Eletrobras e da segurança energética para a população brasileira!

Sabemos que o Wilson tem a habilidade de construir relações institucionais com políticos de diversos campos políticos, tais como os “renomados” Michel

Temer, Moreira Franco e Carlos Marum (PMDB), Fernando Filho e Aleluia (DEM), lembrando que Marum e Aleluia são seus coleguinhas no Conselho de Itaipu no ápice da maior crise institucional da usina binacional (Itaipugate), Doria, FHC, José Aníbal (vínculos históricos com o PSDB), além da sua afinidade natural com privatistas patológicos como Paulo Guedes (Gov. Bolsonaro), Elena Landau (ex-presidente do Conselho da Eletrobras no Governo Temer) e Paulo Pedrosa (este, foi protagonista do escândalo internacional noticiado pelo jornal The Guardian sobre isenções para petroleiras britânicas)…

As revoltas populares no Chile deixam claro o grave dolo para o país em virtude da adoção cega do receituário neoliberal… Lutaremos contra o projeto do bilionário Salim Mattar (152º bilionário do país, com R$ 1,87 bilhão), um dos grandes financiadores de campanha no Brasil e secretário de desestatização do Bolsonaro, neoliberal de carteirinha.

Lutaremos em todas as instâncias contra este projeto de privatização a preço de banana da Eletrobras que tem na 3G um dos seus principais beneficiados.

O mesmo Lemmann que usa parte dos seus bilhões para financiar campanhas políticas e formar a sua banca no Congresso Nacional, como reportagem do Brasil 247.

Por fim, nossas empresas, Chesf, Furnas, Eletrobras, Eletrosul, Eletronorte e demais subsidiárias tem uma longa história de compromisso com o Brasil e o desenvolvimento nacional.

Energia é cidadania, desenvolvimento, atração das indústrias, crescimento do comércio, inclu- são e soberania!

Não deixaremos empresas com mais de 70 anos servirem para ampliar os bilhões desta elite predatória.

CNE 05/11/2019