As drogas sintéticas vêm atraindo cada vez mais usuários. Segundo o psiquiatra Maurício Leão de Rezende, substâncias como o ecstasy e o LSD têm público-alvo bem definido: jovens de classe média e média alta. O alarme se agrava quando se verifica que o ingresso no mundo das substâncias psicotrópicas ocorre cada vez mais cedo.

“Esse uso se relaciona à cultura, tem a ver com um código de relacionamento. Estudos mais recentes mostram que o consumo tem sido mais precoce, entre 13 e 15 anos”, diz Rezende. Ele acrescenta que o círculo de amizades não é a única porta de entrada para a iniciação. “O convívio não é determinante, mas a sua influência é inquestionável”, afirma.

O uso do ecstasy, também conhecido como “bala”, está intimamente ligado a festas regadas a música eletrônica, cujos participantes formam uma tribo com identidade própria. Na análise do psiquiatra, o ser humano, principalmente no fim da infância e início da adolescência, é atraído naturalmente pelo convívio em grupos. “Ele busca aceitação, reconhecimento, promoção. Isso faz com que nas relações grupais haja uma submissão daqueles que estão entrando às regras vigentes”, observa o especialista.

Rezende especifica que o ecstasy é um estimulante, que não tem como objetivo a produção de efeitos delirantes. Os reflexos imediatos são de euforia e vigor físico, sensações que se encaixam perfeitamente ao ritmo frenético das baladas trance e raves. “Mas, a longo prazo, provoca danos físicos e psíquicos. Podem surgir distúrbios mentais graves, como manifestações psicóticas, agitações e agressividade, além de atingir o sistema neurológico, por exemplo”, explica.

Rezende observa que o LSD, conhecido como “doce”, também voltou a circular. Em voga nas décadas de 1960 e 1970, o ácido lisérgico é um alucinógeno.

(Thobias Almeida, Correio Braziliense)