Em jogo estão as cláusulas de estabilidade no emprego, a implementação perversa de “métodos” de demissão e a política de paralisação das áreas de Operação e Engenharia.

A Campanha Salarial dos eletricitários, que começou em maio e teve que ser conduzida ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) para intermediação, deve ter novidades nesta semana.  Amanhã (28), representantes dos trabalhadores e trabalhadoras do grupo Eletrobras e da direção da empresa participarão de mais uma reunião no TST. Esperamos que o governo coloque a sua posição para que finalmente seja apresentada uma proposta de ACT 2019-2020, que posteriormente seguirá para avaliação da categoria em assembleia.

No emaranhado do processo de privatização, a Eletrobras apresentou uma proposta com diversos retrocessos e a retirada de direitos da categoria, articulando medidas para facilitar a entrega da Eletrobras à iniciativa privada. Ainda em mesa, alguns bodes saíram da sala, mas os principais foram para o TST, que trouxe avanços importantes em alguns itens. No entanto, o ponto principal, a cláusula de estabilidade no emprego, não avançou como esperávamos.

Desde o início, a Eletrobras assinalou sua real intenção em não renovar a cláusula que garante a estabilidade de emprego. Sempre afirmava categoricamente que se trata de uma decisão de governo. O TST, ao perceber esse movimento, articulou reuniões com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) que ainda não manifestou sua concordância. Por isso, as sucessivas renovações do nosso ACT.

Foi noticiado que a Eletrobras pretende colocar em prática um novo plano de desligamento. Apesar de não haver uma proposta concreta, as empresas estão trabalhando dia e noite no dimensionamento de quadro de pessoal. A Eletrobras contratou uma consultoria externa, isso mesmo, mais uma consultoria externa, para realizar esse trabalho, prometendo em três meses apresentar o quadro de pessoal ideal para o sistema.

Esse dimensionamento é pleito antigo das entidades sindicais. Certamente nosso quadro técnico carece de reforço em diversas áreas, que estão tendo dificuldades operacionais por falta de pessoal. Quando da implantação do PCR Unificado, esse ponto já era pauta, mas nunca lhe era dada a devida importância.

Seria louvável a iniciativa da holding em contratar a empresa se não fosse a conjuntura pela qual passa o sistema Eletrobras, na qual a alta direção aponta e tenta de todas as formas privatizar as nossas empresas e a forma açodada e até mesmo, obscura como esse processo de levantamento está ocorrendo.

Planejamento da Força de Trabalho tem por objetivo “preparar a organização para as suas necessidades atuais e futuras, tendo as pessoas certas, na quantidade certa, nos lugares e momentos certos” (Sinclair, 2004). Este conceito é bastante amplo, mas a princípio pressupõe o mapeamento de todos os processos que são desenvolvidos na empresa. Não macroprocessos, mas os microprocessos que somados dão a dimensão real da importância do nosso quadro técnico.

Como dimensionar isso em apenas três meses, se não há sequer as habilidades específicas por cargos definidas no nosso Plano de Cargos e Remuneração? Somos todos engenheiros. Somos todos advogados. Somos todos profissionais de nível médio suporte. Somos todos profissionais de nível médio operacional. Somos algo tão amplo que podemos nos adaptar a qualquer função.

Será mesmo que três meses seriam suficientes para mapear os micro e macro processos desenvolvidos por cada uma das inúmeras áreas que compõem as nossas empresas? Somente na Eletronorte, considerando que reestruturar as caixinhas virou moda nos últimos tempos, como mapear processos que vão e vem de acordo com os interesses políticos de quem ocupa as cadeiras?

Aí temos outro problema, até hoje não foram nomeados os diretores de Operação e Engenharia da Eletronorte. Um total descalabro cometido por este governo. Como manter uma empresa de engenharia, sem diretor de Engenharia?  Como realizar a operação e manutenção dos nossos empreendimentos sem um diretor de Operação? O levantamento do quadro poderia iniciar por aí: indicar urgentemente as diretorias chave para funcionar a nossa Eletronorte. Quem responderá à pergunta: quais os motivos que levam à vacância destas diretorias? Como em uma equipe de remo, são necessários todos os braços para ganhar uma corrida, nós estamos sem nossos braços mais fortes.

SINDINORTE 27/08/2019