Por discordar do processo de privatização que vem sendo planejado para a CEB, o presidente da empresa de distribuição de energia em Brasília, Wander Azevedo, foi demitido nesta terça-feira (4) pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), que descumpriu promessa de campanha de que não venderia empresas públicas como a CEB, Caesb e Metrô.

Wander divergia em relação ao processo de privatização da CEB. Além de incomodado, Ibaneis parece estar bastante apressado. “Não dá para esperar mais. A privatização tem que sair”, disse o governador ao Correio Braziliense.

Para dirigente sindical do STIU-DF, a mudança repentina de opinião é curiosa. “É muito estranho que há poucos meses atrás o governador afirmava ser contra privatizações. Disse isso em campanha e até assinou uma carta compromisso da categoria”, lembra.

Ainda candidato a governador do DF, ao receber a carta em sua residência, Ibaneis escreveu no documento com o próprio punho. “Irei lutar pelas palavras apresentadas, ficando o meu compromisso de manter a CEB pública”. Veja na imagem.

Wander é servidor do antigo Ministério do Planejamento, hoje parte do Ministério da Economia. Ele foi nomeado por indicação do governo Temer, mesmo partido de Ibaneis.

CEB é lucrativa

Em 2015, 2016 e 2017 a CEB Distribuição apresentou lucros. Os dados constam do Relatório da Administração 2018 da empresa.

Em 2015, a CEB Distribuição apresentou lucro de R$ 36,4 milhões. Em 2016, novamente obteve ganhos na ordem de R$ 50,2 milhões. Em 2017, mais R$ 29,5 milhões de lucro.

Apenas em 2018 a empresa foi deficitária, com R$ 33,6 milhões. Se considerarmos os quatro períodos mencionados, 2015, 16, 17 e 18, na somatória, ainda sim haveria lucro de mais de R$ 80 milhões.

Empresa premiada internacionalmente

Em 2018, a CEB recebeu o prêmio internacional CIER de qualidade e satisfação do cliente. Os dados foram coletados dos próprios consumidores do DF. Quem atesta é o Índice de Satisfação com a Qualidade Percebida – ISQP da pesquisa ABRADEE.

Privatização em Goiás

É importante lembrar que, em Goiás, onde esse tipo de proposta de privatização avançou, a Celg (empresa que também distribuía energia no estado), teve a conta de luz reajustada em mais de 30% após a privatização. Hoje, a ex-Celg, atual Eneel, mesmo cobrando tarifas altíssimas figura entre as piores empresas de distribuição do País.