A história recente do movimento sindical no Brasil torna inegáveis a força e a importância dos trabalhadores na luta pela transformação da sociedade e pela construção do socialismo. O fim do regime militar, as eleições diretas, o impeachment de Collor e a eleição do presidente Lula ilustram bem a decisiva participação da classe trabalhadora na mudança da conjuntura política, social e econômica do País.
A eleição de um operário e ex-sindicalista à Presidência da República representou o ápice de uma trajetória de lutas que remonta ao início do século XX. O caráter estratégico desta vitória dos trabalhadores é cristalino: pela primeira vez na História passamos a ter a oportunidade de mudar efetivamente o Brasil e torná-lo de todos, e não apenas de alguns poucos brasileiros.
Passados mais de quatro anos de mandato, ficou evidenciado que a eleição do presidente Lula não foi suficiente para transformarmos a triste realidade da maioria do povo brasileiro, que continua carente de terra, alimento, emprego, saúde e educação. A lição que os movimentos sociais já começam a assimilar é simples: um governo sem hegemonia democrático-popular não pode fazer um governo democrático-popular. A hora é, então, de continuar lutando, fortalecendo os sindicatos e as organizações populares, construindo a hegemonia dos trabalhadores e do povo na sociedade, enfim, mudar os rumos do governo Lula para mudar, de verdade, o Brasil.
No plano local, a desilusão começou cedo. O discurso da austeridade fiscal e da moralidade não conseguiu encobrir as contradições do governo Arruda, corroboradas, sobretudo, no recente arquivamento da CPI do BRB, em que foi decisiva a atuação da base aliada governista. Depois disso, ficou ainda mais evidente que Roriz e Arruda são “farinha do mesmo saco”, e é sob essa ótica que os movimentos sociais e as forças políticas de esquerda devem definir as suas estratégias e planos comuns de luta em defesa do povo e dos trabalhadores do Distrito Federal.
O STIU-DF tem sido coerente com essa percepção. Não é à toa que a tônica nas campanhas salariais e nas lutas coordenadas pelo Sindicato sempre esteve alicerçada no tripé independência, autonomia e combatitividade. Também tem sido essa a postura dos trabalhadores e da nossa entidade na luta em defesa da CEB, da Eletronorte, de Furnas e do ONS, seja contra as reincidentes ameaças de privatização, seja contra a corrupção que solapa as finanças de nossas empresas ou contra a má-gestão desenfreada.
Defender os nossos ACTs e ampliar os direitos, fortalecer nossos laços com outros sindicatos combativos, consolidar a nossa posição na esquerda cutista e ampliar a nossa relação com as organizações populares e libertárias constituem as principais tarefas da categoria urbanitária do DF no momento.
É assim que se constrói um sindicato, verdadeiramente, de luta.