O Deputado Zé Carlos do PT/MA, Presidente da Frente Parlamentar Contra a Privatização da Eletronorte, protocolou nesta sexta-feira, 22.02.2019, na Procuradoria Geral da República, uma Representação contra Wilson Pinto Júnior, Presidente da Eletrobras e contra José Guimarães Monforte, atual Presidente do Conselho de Administração da Eletrobras, requerendo a devida apuração de irregularidades.

A representação foi protocolada após pronunciamento feito pelo parlamentar no dia anterior (21.02.2019), na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde denunciou um suposto conluio que resultou na indicação da Senhora Elvira BARACUHY Testa, ex- Executiva do Grupo de Investimentos 3G Radar para a Diretoria Financeira e de Relação com investidores da Eletrobras.

A DENÚNCIA

O processo de privatização da Eletrobras, cada vez mais, vem sofrendo uma forte interferência– agora praticamente descarada– de grupos econômicos nacionais e internacionais, representados por fundos de investimentos, fundos de pensão estrangeiros, fundos soberanos, multinacionais, especuladores de energia e empresas de eletrointensivos.

Um claro exemplo disso foi a nomeação, há poucos dias, de uma ex-executiva do grupo 3g radar, que é um dos grupos mais interessados na compra da Eletrobras, para o cargo de diretora financeira e de relações com investidores.

Em março de 2018, a senhora Elvira Baracuhy Cavalvanti, então executiva da 3g radar, havia sido nomeada para o conselho de administração da eletrobras, tendo sido indicadapela3g radar.

Tem-se, então, que a Sra. Elvira Cavalcanti, uma alta executiva do grupo empresarial do Sr. Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil e que tem interesses na privatização da eletrobras, foi nomeada para o conselho de administração da empresa.

E, já em janeiro do presente ano, sem qualquer comunicação ao mercado, o Conselho de Administração nomeou a mencionada senhora para o cargo de Diretora Financeira e de Relações com os Investidores.

Em 29 de janeiro, a Eletrobras anunciou que a empresa 3g radar havia aumentado a sua participação acionária na estatal. Com esse aumento, a participação da 3g radar na Eletrobras, que antes era de 10%, passou para 14,65% das ações preferenciais, algo em torno de 39 milhões de ações preferenciais.

Em resumo, o ciclo vicioso que permeia o processo em curso da privatização da Eletrobras se apresenta da seguinte forma:

1- grandes grupos econômicos, a exemplo da 3g radar, demonstram interesse na privatização da Eletrobras;

2- em março do ano passado, uma alta executiva da 3g radar é nomeada para o conselho de administração da empresa estatal;

3- alguns meses depois, essa mesma senhora, que antes pertencia a um poderoso grupo econômico com interesse na compra da eletrobras, a 3g radar, é nomeada para o cargo de diretora financeira e de relações com os investidores da Eletrobras.

4- nesse meio tempo, a empresa que indicou uma de suas executivas para assumir um dos mais altos cargos dentro da Eletrobras, aumenta consideravelmente a sua participação acionária na empresa.

A gravidade dos fatos e a documentação juntada

Os fatos acima narrados representam, tanto no entendimento do ora representante quanto no entendimento dos trabalhadores/membros do Coletivo Nacional dos Eletricitários, um grave conluio entre a direção/presidência de uma das mais importantes empresas públicas brasileiras e a direção/presidência de grupos econômicos privados para lesar os milhões de cidadãos brasileiros usuários dos serviços prestados pela Eletrobras e dilapidar o patrimônio público do nosso país.

Veja Boletim CNE – Deputado Zé Carlos denuncia conflito de interesses