A Eletrobras está pronta para atacar os direitos dos trabalhadores. É isto que o Conselho de Administração da companhia definiu no dia 21 de dezembro de 2018, quando traçou o Plano Diretor de Negócios e Gestão (PDNG) para o período de 2019 a 2023.

Em comunicado de fato relevante ao mercado, a empresa detalhou o plano, apontando um futuro de privatizações e retirada de direitos como “objetivos estratégicos”. A segunda diretriz estratégica do plano prevê a conclusão, até o final de 2019, do programa de desinvestimento de ativos e participações acionárias que não sejam considerados estratégicos para a Eletrobras.

O plano também relata a incorporação da Eletrosul pela CGTEE, que foi, recentemente, tema de reunião entre a Intersul e a Diretoria da Eletrosul (ver matéria ao lado). Reestruturações na Eletronorte e na Amazonas Geração e Transmissão também são citadas como forma de encontrar “sinergia operacional e econômica-financeira”.

Mas é a partir da terceira diretriz estratégica que o grande golpe aos trabalhadores é detalhado. A segunda iniciativa trata da redução de custos de pessoal. A intenção de desligar através de Plano de Demissão 2.187 trabalhadores é apresentada com a justificativa de economia de R$ 574 milhões por ano. Afinal de contas, na visão da diretoria e deste Governo, trabalhadores são um estorvo que custa caro. Além disso, segundo o plano é preciso diminuir os gastos com periculosidade, horas extras e sobreaviso.

E para fechar o sinal ao deus mercado, a Eletrobras afirma que o caminho a ser seguido é negociar um novo Acordo Coletivo de Trabalho ” visando alinhá-lo à nova Lei Trabalhista e Resoluções CGPAR, estimulando a produtividade e a meritocracia”.

Então a lógica é essa: o discurso dizia que a reforma trabalhista ia fortalecer os acordos coletivos e os sindicatos e que ninguém perderia direitos, apesar do fatiamento da CLT. Foi assim que a lei foi vendida, foi assim que muito trabalhador acreditou e defendeu que era bom. O negociado sobre o legislado! Agora, diante do mercado que patrocinou mais este golpe, a Eletrobras diz que sim, os trabalhadores vão perder direitos.

Adequar os acordos à nova lei significa rebaixá-los, explorando os trabalhadores. Mas não é só isso. O trabalhador será atacado, terá os direitos ameaçados e ainda terá que sorrir e ter orgulho. Ou, como disse o presidente da república, é escolher entre direitos ou emprego. Contraditoriamente, ignorando os impactos da retirada de direitos sob os trabalhadores, a 5ª diretriz estratégica prega uma transformação da cultura organizacional, buscando o “aumento da produtividade e melhoria dos resultados empresariais, além da satisfação e comprometimento dos colaboradores”.

O PDNG da Eletrobras dá mostras muito claras do tamanho da luta a ser travada pelos trabalhadores em defesa de seus direitos e conquistas na negociação do ACT 2019 que se aproxima. O Coletivo Nacional dos Eletricitários fará o planejamento da campanha salarial no inicio de fevereiro, mas serão os trabalhadores e a sua disposição para o enfrentamento os pilares que poderão sustentar esta luta e manter suas conquistas.

Fonte: www.sindinorte.org.br