Como fazer com que empresas estatais sejam de fato públicas? Esse foi um dos pontos discutidos nesta quarta-feira (21) no 2º dia de reunião do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), que acontece no STIU-DF. Ontem, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, fez análise política e econômica do Brasil no pós-eleição. O encontro conta com a participação de dirigentes sindicais do setor de energia, água e saneamento de vários estados do País.

Ao iniciar a sua fala, o diretor da CEB, Mauro Martinelli, que foi dirigente sindical, levantou o questionamento para apontar algumas falhas desse sistema. Para ele, as empresas estatais deveriam ser de fato públicas, com controle efetivo da sociedade. O objetivo disso, segundo ele, seria evitar com que governos façam utilização política dessas empresas, empregando qualquer pessoa.

“O interesse da sociedade precisa estar acima de qualquer outro. A preocupação número um das empresas públicas tem que ser o bem comum, da coletividade, favorecendo o conjunto da população”, disse.

Mauro citou o caso da Petrobras, que tem acionistas inclusive nos EUA, e que o lucro da empresa, na realidade, não é compartilhado com os brasileiros.

“O litro da gasolina está quase R$ 5 reais. Enquanto isso, uma parcela considerável da população não consegue pagar esse valor. Se a empresa é um patrimônio nacional, o lucro da Petrobras deveria ser convertido num preço de combustível que a população possa pagar”, aponta.

A conselheira de Administração da Eletronorte, Gleide Brito, eleita pelos trabalhadores, também considera a participação da sociedade nesse processo imprescindível.

“Empresas públicas só se efetivam com controle social forte. Quando se é estatal mista é diferente, pois tem vários donos com poderes políticos muito fortes e são essas forças que decidem”, destaca.