Pelo que vem apresentando a equipe de transição de Jair Bolsonaro (PSL), eleito em outubro, a classe trabalhadora terá muitos desafios em 2019. É o que avaliou o ex-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), durante reunião no STIU-DF nesta terça-feira (20) do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE).

O encontro, que reuniu representantes das trabalhadoras e trabalhadores do setor de energia, água e saneamento de vários estados do País, teve por objetivo analisar a conjuntura política, econômica e sindical nos próximos anos.

As privatizações serão uma pedra no sapato da classe trabalhadora durante o governo Bolsonaro. Hoje, inclusive, o seu futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, informou que será criada uma Secretaria de Privatizações para colocar a política de venda de empresas públicas no centro das decisões, sinalizando que essa será uma prioridade do governo.

Com as privatizações, estão em risco empregos dos trabalhadores, assim como concursos públicos. Além disso, as tarifas tenderão a ser reajustadas com mais frequência, reduzindo o poder de compra da classe trabalhadora. A sociedade também será muito prejudicada com serviços prestados de má qualidade.

Para Chinaglia, os sindicatos e movimentos sociais, que serão sistematicamente criminalizados no próximo governo, terão um papel fundamental de resistência contra essa política de desmonte do estado brasileiro.

“Bolsonaro é um fascista, mas nem todas as pessoas que votaram nele são. Muitos trabalhadores fizeram essa opção por negação e aversão à política. Então, teremos que reconquistar essa parcela da classe trabalhadora que, em grande parte, será bastante prejudicada”, alerta Chinaglia.

De acordo com o parlamentar, as relações do governo Bolsonaro tenderão a ser bastante conturbadas com o Congresso. “Pode, inclusive, ter até brigas e tiros, como já houve no passado”, lembra. Em dezembro de 1963, o senador Arnon de Mello (PDC-AL), pai do atual senador Fernando Collor, atirou contra o senador Silvestre Péricles (PTB-AL), mas acertou José Kairala (PSD-AC), que foi à óbito.

Crise econômica mundial

Segundo Chinaglia, a crise econômica continuará pressionando o grande capital a estrangular os direitos da classe trabalhadora para manter os privilégios dos mais ricos. Para isso, depois da reforma trabalhista e da terceirização irrestrita, a classe dominante terá como foco no início do ano que vem a reforma da Previdência.

Algumas propostas de reforma da Previdência estão sendo estudadas pela equipe econômica de Bolsonaro. Uma delas é o sistema de capitalização que foi implementada no Chile e não deu certo, porque os benefícios pagos hoje representam metade do salário mínimo no país.