A reforma trabalhista não fez aumentar o número de postos de trabalho com carteira assinada, como apostavam os defensores. Ao contrário disso, a quantidade de trabalhadores informais aumentou em 3,5%, conforme divulgou o IBGE na semana passada.

Na avaliação da economista e professora da USP, Laura Carvalho, a reforma trabalhista além de prejudicar o poder de negociação dos trabalhadores está “reforçando a estagnação dos salários e contribuindo para frear a recuperação do consumo das famílias”.

Segundo a economista, os efeitos da reforma trabalhista podem ser ainda piores, uma vez que a queda de empregos formais está prejudicando a arrecadação da Previdência.

Laura chama atenção para estudo feito pelo Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp (Cesit), publicado no fim do ano passado, que verificou o impacto da reforma trabalhista sobre a arrecadação da Previdência.

De acordo com o estudo, o cenário imaginado pelos que defendiam a reforma seria o de que a flexibilização das regras de contrato de trabalho iria reduzir os custos com a mão de obra e a formalização seria estimulada. Mas não foi isso o que aconteceu.

Caso parecido ocorreu em 2012, quando o governo editou a MP 579, barateando os custos da energia elétrica para a indústria e comércio. O objetivo da medida era que a produção aumentasse com esse incentivo houvesse a contratação de mais trabalhadores, reduzindo assim o desemprego.

“No entanto, isso também não ocorreu. Houve o incentivo, mas os empresários pegaram esse retorno e apenas aumentaram o seu lucro”, lembra a dirigente sindical, Fabiola Antezana. “Houve até indústrias que estavam pegando essa energia mais barata e vendendo bem mais cara no mercado livre, desvirtuando totalmente o propósito da medida”, acrescenta.

O grande problema é que nos dois casos são os trabalhadores e as pessoas mais humildes os mais prejudicados. Seja com reformas totalmente arbitrárias, como a trabalhista, seja com possíveis reformas na Previdência, que farão as pessoas trabalharem por mais tempo, sujeitas a ganhar menos.