Por Neudicléia de Oliveira*

A água está no centro de uma grande disputa mundial. Grandes grupos empresariais orquestram um plano de privatização completa da água. O Brasil possui em seu território uma das maiores reservas do planeta, com cerca de 12% de toda água doce disponível. E as empresas internacionais querem se tornar donas deste bem natural.

Com a crise do capitalismo e o golpe, que colocou o ilegítimo Michel Temer no comando do país, a agenda da privatização da água vem se acelerando. O governo está abrindo as portas para entregar esse bem ao capital.

Neste mês de março, Brasília será palco de dois grandes eventos para tratar do tema, porém com objetivos totalmente contrários. De um lado, as empresas transnacionais, fundos de investimentos, paraísos fiscais e bancos que veem na água um grande negócio, estão promovendo o “Fórum Mundial da Água”, também conhecido como “Fórum das Transnacionais”. Entre os patrocinadores do evento estão a Nestle, Ambev, o governo de São Paulo (PSDB), além do governo de Temer.

Do outro lado, estão os povos de várias partes do mundo, do campo e cidade, que lutam contra qualquer forma de privatização da água. Os trabalhadores e trabalhadoras promoverão o FAMA – Fórum Alternativo Mundial da Água, que possui como mensagem principal “água é um direito, não mercadoria”. A luta é em defesa e contra o estabelecimento da propriedade privada sobre a água. A privatização só prejudica a população. Centenas de cidades estão se vendo obrigadas a reestatizar seus serviços de saneamento, em função do caos deixado pelas empresas privadas.

No entanto, o plano não se restringe ao saneamento. A ideia é estabelecer um grande mercado mundial de água. Ou seja, as transnacionais pretendem se apropriar dos rios, nascentes, barragens, aquíferos e serviços públicos para gerar lucro e acumulação de riqueza ao capital.

O objetivo das empresas transnacionais é tornar a água uma mercadoria, impondo preços altíssimos ao povo para gerar muito lucro. Concomitantemente a esse movimento, a população se verá sem esse direito fundamental à sobrevivência.

A água não pode ter dono. A água deve ser controlada pelo povo e estar à serviço do povo. Não devemos admitir nenhuma forma de privatização. E é por este objetivo que devemos lutar juntos. Missão que só os lutadores e lutadoras do povo podem realizar.

Neudicléia De Oliveira é jornalista e integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)*

Fonte: http://fama2018.org