Dirigentes sindicais, parlamentares e especialistas consideram que a privatização da Eletrobras, além de impactar negativamente todo o setor elétrico, com perda de soberania, redução da segurança energética e aumento substancial na tarifa de energia, será danosa para os mais de 20 mil trabalhadores das estatais.

Em agosto, o governo anunciou a intenção de privatizar a Eletrobras e as suas controladas. De lá pra cá, uma série de ataques do governo e da mídia comercial tentam desmoralizar a estatal para legitimar a venda da maior empresa pública do setor elétrico na América Latina.

Paralelo à ofensiva, as entidades sindicais que compõem o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) estão movimentando o senado e as câmaras estaduais e federal na busca de aliados na defesa da Eletrobras Pública. Em Brasília, além dos lançamentos da campanha nacional Energia Não é Mercadoria e das Frentes Parlamentares em Defesa de Furnas e Eletronorte, foram realizadas dez audiências públicas.

Nas atividades, dirigentes sindicais, parlamentares e especialistas consideraram que a privatização da Eletrobras, além de impactar negativamente todo o setor elétrico, com perda de soberania, redução da segurança energética e aumento substancial na tarifa de energia, será danosa para os mais de 20 mil trabalhadores e trabalhadoras das estatais.

Comissão

Em continuidade à luta em defesa das empresas públicas do setor elétrico, o CNE deliberou pela criação de uma comissão permanente, com dirigentes de diversos estados. A Comissão tem como objetivo conversar com deputados e senadores, apresentar documentos que rebatem os falsos argumentos do governo e acompanhar as atividades propostas pelo Congresso que discutam a privatização da Eletrobras.

Para a dirigente sindical do STIU-DF, Fabiola Antezana, para barrar o processo de privatização, a categoria, como já vem sendo feito, deve manter-se mobilizada e participar massivamente de todas as lutas convocadas pelo CNE e pelo STIU-DF.

Referendo popular

Após forte pressão das entidades sindicais, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania na Câmara dos Deputados aprovou, no final do mês passado, o Projeto de Decreto Legislativo Nº 948, de 2001, que submete a privatização da Eletrobras e suas subsidiárias a referendo popular. O texto será levado ao plenário da Câmara para votação

Com parecer favorável, o relator Danilo Cabral (PSB-PE), destacou que “adequada à magnitude da questão, pois, em verdade, a privatização das empresas hidrelétricas, por refletir sobre a própria soberania nacional, merece ser decidido pelo titular originário da vontade política, o cidadão”.

Fala urbanitário…

“A privatização da ELETROBRAS vem no bojo de “reformas” que são vendidas pelo governo como a salvação para o país com vistas a retomada do crescimento, no entanto elas representam o empobrecimento de sua população, aumento da concentração de renda, perda de direitos históricos e a entrega pura e simples de setores estratégicos a empresas que poderão, na verdade, frear o crescimento do país”. Ailton Andrade, Analista de Sistema de Potência do ONS.

“Sou contra a privatização porque água e energia não são mercadorias que o cidadão pode optar por ter ou não ter, são bens essenciais à vida e à existência da sociedade tal como conhecemos, e portanto um bem com uma importância desta magnitude não pode estar sujeito a dominação total de grupos privados que visam apenas o lucro, sujeitos completamente à lei do mercado e com possibilidade de falência. Bens dessa importância são e devem ser controlados pelo estado. É isso que demonstra a experiência de países independentes e soberanos no mundo”, Angelo Torres, engenheiro de manutenção mecânica  da Eletronorte.

“Sou contra privatizar. Há pouco tempo o brasileiro lutou nas diretas já. A luta agora é diante da ditadura maquiada. O Estado quer entregar a segurança nacional pela privatização da Eletrobras. O povo luta contra a corrupção nos três Poderes. A Eletrobras não pode ser difamada como fonte de corrupção para ganhar adeptos à privatização. Eletrobras é Energia, fonte de segurança nacional. Não se vende a própria segurança, nem a democracia da Energia, fonte de crescimento de um país”. Caroline Levi, advogada na Eletronorte.

Fonte: Jornal Energia Alerta – Edição nº 41