Na manhã desta quarta-feira, 29, o auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, lotou com a presença de trabalhadores, especialistas, dirigentes sindicais e parlamentares para discutirem os reflexos da privatização da Eletrobras na segurança estratégica da região amazônica.  A audiência foi requerida pela Deputada Jô Moraes (PCdoB/MG).

De acordo com o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) documentos serão apresentados ao governo federal para desmistificar o argumento de ineficiência e déficit da Eletrobras para justificar a privatização. “O governo está errando com esse atropelo, da forma que trouxe para a Câmara e Senado a privatização. A Eletrobras não é ineficiente, nós temos excelente prestação do serviço”, afirmou. Ele disse ainda que “o presidente da Eletrobras está trabalhando contra o Brasil”.

O deputado Danilo Cabral (PSB-PE) ressaltou que a privatização do setor energético é um processo criminoso contra o patrimônio público. “Um sistema que foi construído com suor e sangue do povo brasileiro não pode ser entregue dessa forma. O governo quer arrecadar R$ 20 bilhões com um patrimônio que vale R$ 400 bilhões”, disse.

Cabral destacou a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo Nº 948, de 2001, que submete a privatização da Eletrobras e suas subsidiárias a referendo popular, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.

Trabalhadores(as) lotam auditório da Câmara dos Deputados

Para o presidente do Sindicato dos Urbanitários do Amazonas, Edney Martins, o governo tenta justificar a venda da Eletrobras com o discurso da falta de recursos e da suposta ineficiência da empresa. “No entanto, a estatal tem a receber de indenização, referente à Lei 12.783/2017, cerca de R$ 40 bilhões. Além disso, todos os relatórios mostram que a empresa avança nos três segmentos [geração, transmissão e distribuição]”, pontuou.

“A privatização traz diversos riscos à soberania nacional. Com a privatização, por intermédio do setor elétrico, as empresas multinacionais com predominância de capital estrangeiro e estatais de outros países terão acesso total e irrestrito a Amazônia brasileira. Haverá o esvaziamento das regiões fronteiriças por parte dos brasileiros pela falta de abastecimento de energia que garanta o desenvolvimento local, e o abastecimento elétrico dos regimentos militares de fronteiras não será priorizado pelas empresas estrangeiras” explicou Martins.

O sindicalista destacou que por meio dos serviços prestados pela Eletronorte e distribuidoras da Eletrobras são atendidos na região amazônica 669 municípios. “A Eletrobras, indutora do desenvolvimento e responsável por um trabalho social extremamente importante, é quem leva energia elétrica para a floresta amazônica. A Amazônia não é um nicho de mercado para se ganhar dinheiro com a energia elétrica, é um erro estratégico tratar a região amazônica desta forma. É um prejuízo imensurável para a nação brasileira” enfatiza.

Para o cacique Vagner Krikati, da Aldeia São José, localizada no Maranhão, a Eletrobras faz parte da vida do povo indígena. “O governo federal está entregando sua casa, seus filhos”.

A deputada Jô Moraes agradeceu a participação de todos os trabalhadores e demais presentes e reafirmou o compromisso com a luta contra a privatização das empresas do Sistema Eletrobras.

Com as palavras de ordem da campanha em defesa da Eletrobras “energia não é mercadoria”, a deputada encerrou a atividade.