IELN

Após anunciado e confirmado pelo Ministro de Minas e Energia o nome de Flávio Decat para a presidência de Furnas, a Intersindical manifesta a avaliação de que o governo da presidenta Dilma deu um passo importante para o início da recuperação da imagem de Furnas, muito desgastada nos últimos anos e com mais força agora, no começo do novo governo.
A avaliação positiva quanto à indicação do novo presidente baseia-se nas reuniões em que foi negociada a substituição dos diretores da Fundação Real Grandeza, no fim de 2009. O sr. Flávio Decat, representando o governo nas discussões com os representantes do Fórum em Defesa da Fundação Real Grandeza, contribuiu de maneira efetiva para a construção de uma alternativa, respeitando o papel de cada um no processo e também de informações dos companheiros que atuam nas empresas distribuidoras do sistema Eletrobras, das quais ele foi o Diretor- Presidente.
Coincidentemente, as mudanças se iniciam no mês em que Furnas completará 54 anos de existência e de contribuição ímpar para o desenvolvimento do País e a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro – a empresa é responsável pelo abastecimento de mais de 51% dos domicílios brasileiros, por meio da geração de energia em 17 usinas, transmissão pelos seus 20 mil quilômetros de linhas de transmissão e 49 subestações.
É importante ressaltar que, em nenhum momento, nem a Intesindical Furnas nem os seus sindicatos fizeram qualquer ação ou pronunciamento avalizando a indicação de nomes para ocupar a presidência de Furnas. No entanto, preocupada com a possibilidade de indicação de um ex-diretor cuja gestão foi marcada por várias irregularidades, a Intersindical enviou carta à Presidente da República na qual expressou o temor de que isso viesse a se concretizar.
É papel e responsabilidade da Intersindical representar os trabalhadores e fazer a defesa de Furnas como empresa pública, patrimônio do povo brasileiro; portanto, não fizemos nem faremos a defesa de nomes para a direção da empresa, evitando assim corrermos o risco de macular ou perder a autonomia e independência sindical que sempre pautou a nossa história de lutas e conquistas.
Nós trabalhadores temos a clareza de que a composição política formada para as últimas eleições é que tem que todo o direito de indicar nomes para dirigir as empresas estatais, entre outras, mas sempre defendemos que as indicações devem obedecer a alguns critérios indispensáveis: perfil técnico, probidade, conduta ética, transparência, defesa de Furnas e respeito aos trabalhadores(as) e suas instituições.
Acreditando que as indicações seguirão critérios técnicos e dentro de um perfil que norteou a nomeação do novo presidente, podemos dizer que Furnas terá grandes chances de iniciar uma significativa mudança. Mas, para isso, os novos diretores terão que fazer uso das mesmas regras para a escolha dos seus assessores, e principalmente para a “indicação” dos superintendentes, chefes de departamentos e de divisões, cargos que são preenchidos por funcionários do próprio quadro e que hoje, na sua maioria, não tem compromisso com o projeto político em curso no País.
Não podemos continuar tendo em Furnas gerentes autoritários, reacionários, personalistas, que a tratam como se fosse sua empresa, usam e abusam do patrimônio público sem o menor pudor e não respeitam os trabalhadores, principalmente os terceirizados. Somente com mudanças profundas será possível resgatar a autoestima dos trabalhadores e começar a recuperar a imagem de Furnas.
Como exemplos do que mencionamos no parágrafo anterior, relatamos sucintamente dois casos de má atuação de dois diretores. O primeiro envolve o diretor financeiro – segundo informações que nos foram repassadas por empregados dessa diretoria, ele tentou obrigar empregados de Furnas a efetuarem pagamentos a determinados fornecedores muito antes do prazo de vencimento das faturas. Apesar de se tratar de valores consideráveis, o diretor não deixou o empregado negociar desconto por conta da antecipação, como é praxe no mercado, e até mesmo ameaçou demitir os empregados envolvidos nessas situações.
O segundo exemplo vem da Diretoria de Construção. Segundo denúncias, foi feita uma auditoria sobre a atuação de um superintendente subordinado a essa diretoria. Ele teria utilizado mão de obra, materiais, equipamentos e veículos de Furnas na construção de uma residência particular. A auditoria confirmou o uso da mão de obra e dos veículos, mas, estranhamente, foi concluída sem ouvir testemunhas. Para piorar a situação, o diretor considerou o episódio uma irregularidade leve e apenas puniu o superintendente com uma advertência verbal.
Os dois relatos retratam a forma de atuar – descompromissada com os interesses da empresa e com o patrimônio público – dos dois atuais diretores. Ainda assim, ambos buscam permanecer nos cargos. Isso é totalmente o contrário do que a Intersindical sempre defendeu, ou seja, que os gestores da empresa tenham perfil técnico, mas que sejam probos, éticos, transparentes, que defendam Furnas e respeitem os trabalhadores(as) e suas instituições.


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