Às 7 horas da manhã desta sexta-feira, 6, cerca de 150 trabalhadores e trabalhadoras de Furnas se preparavam para mais um dia intenso de trabalho. Na região de Luziânia, equipes se revezam para restabelecer a transmissão de energia para o Sistema Interligado Nacional.

No sábado, 30, por volta de 14h, um vendaval, que atingiu velocidade média de 215Km/h de acordo com o serviço de meteorologia de Furnas, derrubou 10 torres e danificou uma outra. A previsão da recomposição da linha Corumbá-Brasília, de 345 KV, é até o dia 12 de outubro. No entanto, a data pode sofrer alterações devido às condições climáticas.

Na mesma região, outras 10 torres de linhas de transmissão, gerenciadas pela empresa privada State Grid, sofreram queda.

Em entrevista ao STIU-DF, o engenheiro, Rogério Cunha, informou que o dano causado em algumas das torres foi excessivo, por essa razão foi necessário iniciar novas fundações para sustentação das torres. O caso foi qualificado com nível 5, índice mais alto no quesito emergência.

De acordo com Cunha, já haviam sido concluídas a montagem de cinco torres até a manhã desta sexta. Ele destacou que os trabalhadores de Furnas estão empenhados ao máximo para agilizar a finalização dos trabalhos. “Os trabalhadores de Furnas têm compromisso com a sociedade”, disse

No acampamento montado em uma fazenda estão trabalhadores do país inteiro. Ettore di Blasio, engenheiro de manutenção de linhas, de Brasília, enfatizou que a recuperação da linha de transmissão é um trabalho de risco devido à complexidade e energização das torres. Para ele, o objetivo dos trabalhadores, além de recompor o sistema e voltar para casa com vida.

O parque transmissor de Furnas concentra mais de 24 mil Km de linhas, possui ainda 71 subestações. A estatal, uma das maiores do setor elétrico brasileiro, está presente em 15 estados e no Distrito Federal, opera e mantém um sistema por onde passa cerca de 40% da energia que move o Brasil, atuando no abastecimento a regiões onde estão situados 63% dos domicílios e 81% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Furnas, na mira da privatização, é responsável por quase 10% da energia produzida no país. São 20 usinas hidrelétricas, duas termelétricas e três parques eólicos. Esse complexo supre o mercado brasileiro com 17,3 mil MW de potência instalada, dos quais FURNAS detém 11,6 mil MW.

Para o dirigente sindical do STIU-DF, David Oliveira, os trabalhadores e trabalhadoras de Furnas são altamente qualificados e comprometidos com a empresa. “Nesse sentido, a atuação dos profissionais, respeitando os limites de segurança, é pela retomada da confiabilidade e segurança no sistema”.

Ele ressalta que o processo de privatização em andamento faz exatamente o contrário. “As empresas estatais do setor elétrico estão ameaçadas de serem entregues à iniciativa privada. Isso vai ser o desmantelamento do sistema, sem soberania, sem segurança energética e contas cada vez mais caras”, concluiu.