Diversos veículos de imprensa, em especial o renomado jornalista Luis Nassif, já haviam desnudado o descarado relacionamento entre o Presidente Pinto Junior, a ex-presidente do Conselho de Administração da Eletrobras, Elena Landau, a alta cúpula do MME e os donos da empresa 3G Radar.

Agora descobrimos que a 3G possui ligações estreitas com o BTG Pactual, empresa contratada durante a gestão de Elena Landau no conselho de administração da Eletrobras, para avaliar a venda das participações em SPE’s. Não por acaso o BTG divulgou relatório amplamente repercutido pela imprensa onde afirma que vê a privatização da Eletrobras como “um empurrão necessário” e que “Privatizar a Empresa é, portanto, o impulso que o país precisa”.

Trabalhadores e trabalhadoras da Eletrobras querem saber: Foi pra isso que o BTG foi contratado SEM LICITAÇÃO? O BTG utilizou dados confidenciais nesses relatórios? Não há nesses casos conflito de interesses? Mais uma vez, a área de Compliance da Empresa não vai se pronunciar? Mas não para por aí. Outras questões levantam muitas suspeitas sobre todo esse processo de privatização.

É de conhecimento público que a 3G adotou uma política agressiva de compras de ações da Eletrobras recentemente, tendo sua participação ultrapassado os 5% do capital social da Eletrobras, segundo Comunicado ao Mercado da empresa de 23/05/2017. Estranhamente, mesmo tendo aplicado essa política agressiva de compras de ações, a 3G decidiu também divulgar uma carta, em 25/07/2017, acusando a gestão da Eletrobras dos últimos 15 anos de ineficiente, com a utilização de premissas altamente questionáveis e muitos dados imprecisos.

Este documento, com intuito de criar o clima pró-privatização, foi amplamente divulgado pelos jornais. Curiosamente, a Carta 003 da 3G Radar (também enviada à Consulta Pública do MME sobre o novo marco regulatório do setor e disponível a todos os brasileiros para consulta) rasga elogios para o Presidente Pinto Junior e ao novo conselho de administração, citando, nominalmente, diversos conselheiros e a Cemar como grande exemplo para privatização da Eletrobras.

Faz sentido um grande acionista de uma empresa lançar notícias que podem jogar para baixo o valor de suas ações? Esse tipo de comportamento só reforça nossa suspeita sobre o uso de informações privilegiadas pelo BTG e pela 3G motivado por interesses econômicos particulares, que devem ser investigados pela CVM.

A BTG é dona de uma comercializadora de energia, o que explicaria interesse na descotização das usinas da Eletrobras. É estarrecedor entrar no site da empresa Eneva, concorrente da Eletrobras, e ver que o BTG tem 36% das ações da companhia em parceria com o Itaú e outros investidores. Não seria conflito de interesse o BTG atuar nos dois lados do balcão? Além de participação na Eneva, o BTG também é acionista na Equatorial, conforme consta na Ata Assembleia Geral Ordinária da Equatorial, de 27/04/2017.

A Equatorial é acionista majoritária da Cemar, onde Oscar Salomão Filho é conselheiro, indicado pela Eletrobras, durante a gestão do Presidente Pinto Junior. A CVM e a SEC (através da Lei SOX) não acha um risco esta operação para os demais acionistas minoritários da Eletrobras? Será que as centenas de fundos nacionais e internacionais com ações da Eletrobras sabem da atuação do BTG nessa precificação e de sua participação efetiva em concorrentes da Eletrobras?

Quem tem interesse na contratação, sem licitação, do BTG?

O que pensam os demais diretores de carreira Armando Casado, José Antonio Muniz e Luiz Henrique Haman. Questionamos também o silêncio do diretor Alexandre Aniz. Exigimos a saída imediata do BTG de dentro da Eletrobras e a investigação sobre sua contratação e eventual uso de informações reservadas da Eletrobras!

Exigimos que a Eletrobras indique um funcionário de carreira no Conselho de Administração da Cemar, para defender os interesses da Empresa! Exigimos maior clareza sobre a política de indicação de representantes da Eletrobras nos conselhos de administração e fiscal das coligadas e SPE’s!

Exigimos uma análise antecipada da área de Compliance nas contratações de empresas prestadoras de serviços para Eletrobras com objetivo de identificar possíveis conflitos de interesse!

Reafirmamos agora o que todos os atos do senhor Pinto Junior foram meticulosamente orquestrados de forma harmoniosa com as propostas do atual governo ilegítimo que o nomeou: tirar direitos dos trabalhadores(as), entregar o patrimônio brasileiro a preço de banana e prejudicar a população, principalmente das regiões mais carentes do país.

3 de Outubro: Dia de Luta Pela Soberania Nacional e contra a privatização da Eletrobras

Trabalhadores e trabalhadoras das estatais realizarão, na próxima terça-feira (3), uma paralisação em todos os estados e no Distrito Federal pelo “Dia de Luta Pela Soberania Nacional”.

A mobilização tem o objetivo de conscientizar a sociedade brasileira sobre os riscos do processo de privatização do setor elétrico intensificado no governo de Michel Temer. No Rio de Janeiro, às 11h, haverá uma grande concentração em frente à sede da Eletrobras, no centro da cidade. A partir das 13h, manifestantes marcharão até a sede da Petrobras.

O pacote de privatizações anunciado pelo atual governo é o maior desde a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995- 2003). Temer pretende entregar 57 empresas públicas de diversos setores e, neste bolo, está a gigante Eletrobras.

Na última quarta-feira (27), quatro hidroelétricas operadas pela Cemig foram leiloadas e arrematadas por empresas estrangeiras. Segundo as previsões do governo, outras seis distribuidoras de eletricidade do Nordeste deverão ser vendidas até o primeiro trimestre de 2018. Por isso, não há tempo a perder.

Participe do movimento Energia Não é Mercadoria e ajude a salvar uma das maiores riquezas do Brasil. Vender o sistema elétrico brasileiro é entregar rios e reservatórios da maior bacia de água potável do planeta a empresas pertencentes a potências estrangeiras. Diga NÃO à privatização do setor elétrico. Visite www.energianaoemercadoria.com.br, mande sua mensagem e pressione o Congresso Nacional. Você também pode ajudar o movimento ao interagir com a gente nas redes sociais: Facebook (https://goo.gl/MUzzSB). Instagram (@ EnergiaNaoMercadoria) e Twitter (@EnergiaNaoMercadoria). Curta, comente e compartilhe nosso conteúdo.

BOLETIM CNE FNU 28 09 2017