Nesta terça-feira (26), a privatização do Sistema Eletrobras foi discutida em audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Infraestrutura (CI) do Senado. Na ocasião, a maioria dos participantes se manifestou contrário a entrega dos ativos da empresa à iniciativa privada.

Com acesso restrito aos sindicalistas e trabalhadores do setor, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, afirmou que vai levar adiante o processo de privatização da Eletrobras e que está aguardando a fase final da modelagem do setor elétrico. Durante sua apresentação, o ministro apontou como casos bem sucedidos de privatização a Embraer, a Vale e o setor de telefonia.

A senadora, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), destacou que o governo aproveita do momento de fragilidade do setor público para colocar à venda as empresas. Ela ressaltou que a Eletrobrás é a 16º maior empresa do mundo no setor elétrico. “Não vejo nenhuma necessidade de haver a privatização que o governo quer. O Estado não pode perder o controle desse segmento estratégico. Sem energia não se produz nada”.

Para a senadora, os argumentos do ministro de Minas e Energia para justificar a venda da Eletrobras não possuem consistência. “A Vale pode estar muito bem evoluída no lucro para os seus acionistas e não para o desenvolvimento nacional. Considero a Vale uma sanguessuga, que suga do Brasil a nossa riqueza e não permite o desenvolvimento tecnológico e não permite a geração de emprego qualificado. A Vale não é exemplo de nada”, pontuou.

O senador, Jorge Viana (PT-AC), disse que a única referência que o atual governo tem é o mercado. Ele enfatizou que é preciso consertar o que está errado e não entregar o patrimônio do povo brasileiro. “Esse governo não reúne as condições mínimas para está pondo isso na agenda”, destacou.

“A privatização da Eletrobras é um risco muito grande para a segurança energética do país, risco maior ainda para Roraima, único estado da federação que ainda está no sistema isolado nacional. Privatizar a Eletrobras vai piorar a situação do país e do meu estado” salientou a senadora Ângela Portela (PDT-RR).

Renan Calheiros (PMDB/AL) lamentou que a privatização da Eletrobras aconteça na base da improvisação, “em um momento em que o país claudica e as suas estatais valem um terço do que valeram efetivamente”.  “A Eletrobras é estratégica, qualquer reestruturação tem que ser colocada dentro de um planejamento, que leve em conta o projeto de desenvolvimento nacional . Esse governo de transição não pode fazer movimentos bruscos contra os interesses do país”, enfatizou o senador.