Ministério vai realizar reunião na próxima segunda-feira, 7, para analisar o incidente. Foram perdidos 8 mil MW de carga nos primeiros minutos

A falha na cartela do relé, um dispositivo eletrônico de segurança, da subestação de São Luiz Gonzaga, da Chesf, em Pernambuco, é a causa provável do apagão que atingiu a região Nordeste na madrugada desta sexta-feira, 4 de fevereiro. A informação foi dada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em entrevista coletiva no fim da manhã de hoje, em Brasília. “Isso fez com que a linha de São Luiz Gonzaga fosse desligada. E, na tentativa de religamento do sistema de São Luiz Gonzaga, o sistema acabou se autodesligando”, contou o ministro. No momento do apagão, a carga na região era de 8,8 mil MW, que à 0:07 hora caiu para 800 MW, informou o MME.

O isolamento total de oito estado do Nordeste, com exceção do Maranhão, aconteceu à 0:25 hora. A interrupção envolveu carga de 5.754 MW, relatou Lobão, envolvendo os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Ficaram supridos ainda 2.316 MW, mas à 0:30 hora a carga foi totalmente desligada com a perda da geração remanescente frente às condições degradadas de frequência de tensão. “Permaneceram o estado do Piauí e o Oeste da Bahia”, contou o ministro. O Maranhão não foi afetado.

Segundo Lobão, a recomposição das capitais estaduais começou por Fortaleza, entre 1:10 e 2:40, se seguindo João Pessoa, Maceió, Aracaju, Salvador e Recife – as duas últimas por volta das 5 horas da manhã. Às 7 horas, chegou-se a cerca de 6 mil MW de carga, pois o consumo é menor pela manhã. Pela narrativa do ministro, houve uma primeira falha do sistema, a qual os funcionários tentaram religar uma linha. A manobra foi entendida erradamente pelo sistema, o que acabou desligando um segundo circuito, se propagando por todo sistema.

“A falha do sistema de proteção ocorre topicamente com algum intervalo. Hora causa danos maiores, que, felizmente, não ultrapassou a madrugada. Às vezes acontece de forma imperceptível”, justificou o ministro. Ele convocou para a próxima segunda-feira, 7, uma reunião com ONS, Aneel, Chesf e as distribuidoras locais para discutir as causas do incidente. O encontro será na sede do ONS, no Rio de Janeiro.

“O MME está trabalhando intensamente para que não se repita, mas que se determine com precisão as causas e correção de tudo isso. Causa provável: falha do sistema de proteção da subestação. Causa provável, ainda não determinada”, frisou. Lobão salientou que o sistema brasileiro de transmissão é “robusto e moderno”. “Não há nada mais moderno no mundo do que o sistema brasileiro”, completou. Ele não descartou, completamente, uma possível falha humana para a interrupção do fornecimento, mas disse que o MME não trabalha com essa hipótese.

“Nós agora temos que ter uma certa prudência para examinar com segurança o que aconteceu. Porque de outro modo não vamos encontrar soluções definitivas para o futuro. Nós agora temos que saber o que aconteceu e não vamos esconder nada. No instante que estiver apurado definitivamente vamos dizer”, frisou Lobão.

(Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia)