O valor apurado pelo TSE corresponde a um “investimento” médio de R$ 20,41 por eleitor. O dado não leva em conta os candidatos que concorreram no segundo turno à Presidência e ao governo de oito estados e do Distrito Federal, porque eles têm até esta terça-feira (30) para prestar contas à Justiça Eleitoral.

Poder econômico
Obviamente tanto dinheiro não vem do bolso dos candidatos, mas de doadores formados principalmente por grandes empresários, inclusive estrangeiros, que passam a gozar, em função do financiamento de campanha, de forte influência nos poderes legislativos e executivos do país.

É certo também que tais empresários não costumam jogar dinheiro fora nem distribuem filantropia a qualquer pedinte. Escolhem os candidatos que julgam mais afinados com suas ideologias e interesses.

É natural que os políticos mais chegados aos grandes capitalistas disponham de mais recursos nas campanhas e que os candidatos ligados aos movimentos sociais enfrentem mais dificuldades e uma concorrência desleal neste terreno.

Daí a luta por uma reforma política que estabeleça o financiamento público das campanhas políticas, de forma a reduzir a influência do poder econômico nos pleitos e, por consequência, nos poderes públicos.

Maior gasto
De acordo com o TSE, os 2.552 candidatos de São Paulo – estado que representa 22,31% do eleitorado nacional – foram os responsáveis pelo maior gasto absoluto: R$ 482,04 milhões no total. Mas o custo médio foi de R$ 15,91 por eleitor, inferior à média geral (R$ 20,41).

Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, ficou em segundo no ranking de gastos com campanha. Os 1.365 candidatos que prestaram contas tiveram uma despesa total de R$ 336,65 milhões. O custo médio foi bem maior, de R$ 23,18 por eleitor. Já os 1.911 candidatos do terceiro maior colégio do Brasil, o Rio de Janeiro, declararam gasto de R$ 211,62 milhões, com média menor, de R$ 18,26 por eleitor.

Menor despesa
O Amapá, com 237 candidatos, foi o estado com menor despesa de campanha: R$ 12,13 milhões. O TSE informa, no entanto, que estes números devem crescer, porque a eleição para governador foi decidida apenas no segundo turno.

Levando em conta o número de eleitores e o total de despesa, Roraima foi proporcionalmente o que teve recorde de gasto por pessoa votante. Os 413 candidatos declararam custos de R$ 26,18 milhões. A média por eleitor ficou em R$ 96,30. Assim como no Amapá, os valores finais serão ainda maiores porque a eleição de governador foi decidida no segundo turno.

Deputados e senadores
Ainda segundo as informações do TSE, os candidatos a deputado federal, estadual e distrital foram as que mais despenderam recursos em valores absolutos: R$ 1,83 bilhão ou 66,13% do total de R$ 2,77 bilhões gastos por todos os candidatos que disputaram o primeiro turno.

Para o Senado, os 248 candidatos que prestaram contas tiveram despesa de R$ 353,46 milhões, com média de R$ 1,43 milhão por candidato. O custo foi de R$ 2,61 por eleitor. Os dez candidatos ao Senado pelo Rio revelaram gastos de R$ 31,58 milhões, uma média de R$ 3,16 milhões por candidato, a mais alta do Brasil.

Os R$ 2,77 bilhões citados no início dessa matéria incluem ainda os gastos informados pelos sete candidatos a presidente da República e respectivos vices que não participaram do segundo turno, no montante de R$ 24,44 milhões.

(Portal Vermelho, com agências, 30.11.10)