Quase 80% dos entrevistados em pesquisa encomendada pelo Correio Braziliense acreditam que Agnelo Queiroz fará uma gestão ótima ou muito boa

Depois da crise institucional que atingiu a cidade com uma série de denúncias, prisões e renúncias, os brasilienses estão otimistas quanto à melhoria do cenário político da capital. A pesquisa do Instituto FSB, encomendada pelo Correio Braziliense, mostrou que 79% dos entrevistados acreditam que o governador eleito Agnelo Queiroz fará uma gestão ótima ou boa. Entre as pessoas ouvidas durante o levantamento, 17% apostam que o futuro chefe do Executivo vai fazer um governo de qualidade regular e apenas 4% acham que o trabalho do petista será ruim ou péssimo.

Para especialistas, essa alta popularidade antecipada tem relação com a expectativa da população de uma melhoria na qualidade do serviço de saúde pública. Como Agnelo Queiroz explorou bastante esse tema durante a campanha e como o quadro atual da rede é extremamente delicado, os brasilienses acreditam em melhorias a curto e médio prazo. O petista, que é médico, prometeu assumir a Secretaria de Saúde por, pelo menos, três meses. A ideia é comandar pessoalmente o trabalho de resgate do sistema público do DF. Para 81% dos entrevistados, Agnelo fará uma gestão da área da Saúde ótima ou boa. Esse é o setor em que foi registrado o maior percentual de expectativa positiva quanto ao trabalho do futuro governador.

Para o coordenador da pesquisa, Wladimir Gramacho, o alto número de brasilienses que esperam que Agnelo faça uma boa gestão tem relação com a crise política iniciada em novembro do ano passado, com a deflagração da Operação Caixa de Pandora. “A cidade sofreu uma crise institucional muito desgastante, com um governador preso, outro que renunciou e um interino, situação inédita na cidade. Em uma terra arrasada, a expectativa só pode ser de melhoria”, justifica Wladimir Gramacho.

Para o especialista, outro motivo que deixa os brasilienses otimistas é o fato de o futuro chefe do Executivo local e a futura presidente da República pertencerem ao mesmo partido político. “Muita gente acha que isso facilita a liberação de recursos da União para o Distrito Federal, agilizando o trabalho do governador. Esse fato contribui para que quase 80% dos entrevistados apostem em um governo bom ou ótimo”, acrescenta o coordenador da pesquisa.
Agnelo Queiroz diz estar satisfeito com o grande percentual de pessoas que se disseram otimistas quanto à futura gestão. “Fiquei extremamente feliz de ver a confiança que a população está depositando em mim e farei tudo o que estiver ao meu alcance para retribuir isso”, afirmou Agnelo. “Meu objetivo é trabalhar muito, mobilizando a sociedade para colaborar nesse projeto de transformar o Distrito Federal. O resultado dessa pesquisa é um sinal de que a esperança voltou à cidade, depois de tanto descrédito”, acrescentou o governador eleito.

Entre os entrevistados que votaram em Agnelo Queiroz, a esperança de que ele fará um trabalho satisfatório é ainda maior. Nesse grupo, 87% apostam em uma administração boa ou ótima e apenas 1% acham que o petista conduzirá o DF de forma ruim ou péssima. Já entre os eleitores de Weslian Roriz, a candidata do PSC derrotada no segundo turno das eleições, apenas 4% acham que Agnelo Queiroz será um ótimo chefe do Executivo. Mas 78% acreditam que ele poderá fazer um governo bom ou regular.

OTIMISMO
Na sua opinião, o governador eleito fará um governo ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo?
Resultado geral:
Ótimo: 20%
Bom: 59%
Regular: 17%
Ruim: 3%
Péssimo: 1%

Eleitores de Agnelo Queiroz:
Ótimo: 27%
Bom: 60%
Regular: 12%
Ruim: 1%
Péssimo: 0%

Eleitores de Weslian Roriz:
Ótimo: 4%
Bom: 52%
Regular: 26%
Ruim: 13%
Péssimo: 5%

Eleitores que votaram nulo ou em branco
Ótimo: 2%
Bom: 31%
Regular: 54%
Ruim: 7%
Péssimo: 6%

MAIS COBRANÇAS
Os mais descrentes quanto à performance do governador eleito são os brasilienses que votaram em branco ou nulo. Sem conseguir escolher entre os dois candidatos que disputaram o segundo turno, eles desconfiam agora da capacidade do petista de fazer um bom trabalho no Palácio do Buriti: somente 2% deles acham que Agnelo fará um governo ótimo e 31% acreditam em uma boa gestão. A maioria dos que optaram por anular ou votar em branco — 67% — acha que o petista terá uma gestão regular, ruim ou péssima.

Para o coordenador da pesquisa do Instituto FSB, Wladimir Gramacho, a grande expectativa dos brasilienses com relação à futura gestão de Agnelo Queiroz pode servir como um motivo de cobranças no futuro. “É preciso ver o outro lado da moeda. Como as pessoas estão com uma expectativa muito grande, o futuro governador terá que fazer mudanças efetivas. Se os brasilienses não perceberem essas melhorias, principalmente no sistema de saúde, a popularidade dele deve sofrer um desgaste muito grande por causa disso”, finaliza Wladimir Gramacho.

Agnelo Queiroz concorda que o resultado da pesquisa do Instituto FSB representa uma grande responsabilidade. “Se a expectativa é tão grande, minha responsabilidade é ainda maior. As pessoas desenvolveram uma desconfiança com os políticos muito grande por causa da crise. Mas vou usar com rigor os recursos públicos e dar satisfações de tudo à sociedade, para mostrar que a nossa intenção é mudar a situação atual”, finalizou o governador eleito.

Asa Sul lidera
No segundo turno das eleições, segundo o Tribunal Regional Eleitoral do DF, o número de votos nulos aumentou: o índice geral ficou em 7,38%, contra 6,13% no primeiro, o equivalente a 109.266 e 95.130 eleitores, respectivamente. A maior quantidade de insatisfeitos está na Asa Sul, onde uma em cada 10 pessoas fez essa escolha. Dos 82.896 votantes que compareceram às urnas na região, 9.126 anularam o voto.

(Helena Mader, Correio Braziliense)