O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, voltou a defender a manutenção dos critérios de reajuste do salário mínimo, mas disse que o governo está aberto a negociações com os representantes dos trabalhadores. Segundo ele, adotar a possibilidade de adiantar um pedaço do reajuste esperado para o salário mínimo de 2012 para, a partir do próximo ano, se for tomada, será uma “decisão política” e precisa ser analisada.

“Tenho discutido com as centrais [sindicais] e todas acham que é preciso manter o critério. Se for para mudar, vamos discutir e chegar a um acordo, mas o mais correto é manter”, disse o ministro.

Bernardo lembrou que, no próximo ano, o reajuste do mínimo será feito com base apenas na inflação deste ano, um percentual um pouco maior de 5%. “Em 2009, que foi um ano difícil, cumprimos o critério”, salientou. Para 2012, a expectativa é de que a correção seja em torno de 7%. “Não haverá perda para o trabalhador”, garantiu.

Bernardo afirmou que os critérios de reajuste do programa Bolsa Família devem ser definidos no início do próximo ano, quando a presidente eleita, Dilma Rousseff, assumir o cargo. “Vamos buscar um critério para reajuste, como acontece com aposentadoria e outros, em vez de discutir todo ano”, disse.

Segundo o ministro, não há ainda definição neste momento sobre o tema. De acordo com ele, no ano passado, o reajuste concedido foi de 10% quando a inflação foi um pouco menor de 5%. “Fizemos isso justamente para não darmos este ano por conta da eleição. Com um critério, acaba com o problema de dizer que o governo está tentando manipular”, argumentou.

Bernardo sinalizou que a possibilidade de retomada da CPMF, o imposto do cheque, deve sair da pauta das discussões. “A Dilma já disse que não vai mandar proposta para o Congresso”, afirmou.

Para ele, Dilma terá um início de governo melhor do que o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. “Vai ser completamente diferente. Ela já entra com o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] organizado e tem mais facilidade [para administrar]”, disse. O ministro salientou que, no primeiro ano do governo Lula, a inflação era superior a 12% e o juro estava em 25% ao ano. “Tivemos, inclusive, de aumentar o juro no comecinho do governo Lula.”

O futuro governo pretende reduzir a proporção da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), da atual faixa de 40% para algo próximo a 30%. “Isso possibilita a redução dos juros e o aumento do investimento público”.

(DCI – De olho na notícia)