O relator do Orçamento da União, senador Gim Argello (PTB-DF), disse que “o cobertor do orçamento é curto”.

Ele explicou que os pedidos de verba extra somam R$ 30 bilhões, mas a margem de manobra do orçamento soma R$ 12,5 bilhões. “O cobertor vai até o joelho. Vai ficar faltando R$ 18 bilhões”, afirmou.

rgello levou essa conta para ser avaliada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

O maior risco de rombo no Orçamento é a negociação em torno do salário mínimo. Segundo Argello, cada R$ 5 de aumento no mínimo significa aumento de gasto de R$ 1,5 bilhão da União.

Paulo Bernardo defendeu que o mínimo seja arredondado para R$ 540 –por ora, governo e equipe de transição negociam o valor de R$ 538,15 com a Comissão Mista de Orçamento do Congresso.

O ministro admitiu, contudo, que a decisão será política, tomada pelo presidente Lula e pela presidente eleita, Dilma Rousseff.

Argello afirmou que o governo poderá contar com um aumento de receitas de R$ 7 bilhões, vindos das parcelas mensais pagas pelo Refis da crise.

Ele disse que espera ainda o cálculo de quanto será pago a mais de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) pelos investidores estrangeiros. O IOF para esse grupo, em renda fixa, passou de 2% para 6% –o objetivo é conter a enxurrada de dólares no país.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já firmou que é contra a inclusão das receitas do IOF no Orçamento, uma vez que essa receita pode deixar de existir se o governo encerrar a medida anti-crise.

CPMF

O ministro Paulo Bernardo voltou a dizer que o governo não tem a intenção de trazer de volta a CPMF, mas admitiu que alguma nova fonte de receita terá que ser criada para financiar a saúde.

“Não temos proposta de CPMF. Se vai mexer no volume de gastos da saúde, vai ter que se discutir se vai ter fonte de financiamento ou não”, disse.

(Juliana Rocha, Folha.com)