Coletivo conseguiu ainda duas agendas em maio e reuniões mensais.

Depois de muita insistência e cobrança do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) em fazer valer o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), a direção da Eletrobras parece haver mudado a sua postura arrogante e autoritária e abre um canal de comunicação com as trabalhadoras e trabalhadores. Em reunião com os dirigentes sindicais nesta terça-feira (18), que durou quase quatro horas, o diretor Administrativo Alexandre Aniz e o presidente Wilson Pinto se comprometeram em cumprir o ACT e disseram que vão dialogar com a categoria sobre o processo de reestruturação da empresa daqui para frente.

De acordo com o ACT, que está vigor, “as empresas signatárias deste acordo garantirão a participação das entidades sindicais durante os estudos e implementação dos processos de inovações tecnológicas que determinem racionalização dos trabalhos”. No entanto, esta cláusula sexta vinha sendo reiteradamente desrespeitada pela direção da empresa.

Decidida a implementar, do seu jeito, o Centro de Serviço Compartilhado (CSC), a direção da Eletrobras vinha tocando o processo sem nenhuma transparência e diálogo com os trabalhadores. Essa mudança de postura da Direção da Holding só ocorreu após a reunião do CNE com o ministro de Minas e Energia.

Ficaram definidas duas agendas no mês de maio. Uma no dia 04, no Rio de Janeiro, e outra no dia 16, em Brasília. Assim como uma agenda específica sobre as distribuidoras. A data será definida na reunião do dia 04.

O objetivo é que, de fato, se estabeleça um canal de diálogo entre a direção da empresa e os trabalhadores. Agora a expectativa é que seja criado um grupo de trabalho e dessa forma a categoria possa participar e colaborar nas discussões.

Wilson Pinto admitiu que faltou transparência e diálogo sobre a implementação do CSC e se comprometeu em fazer reuniões mensais com os trabalhadores para discutir o processo. Disse ainda que antes da reunião no dia 04, quando será apresentada a proposta de reestruturação da empresa, vai encaminhar o projeto para que o CNE possa, enfim, saber o que está sendo planejado. Pois até agora, a direção da Eletrobras mantém a questão no mais absoluto sigilo, deixando tudo a cargo de boatos e especulações.

Há anos o CNE vem apresentando propostas que não são ouvidas nem consideradas pela direção da empresa. O CNE continua disposto a colaborar, mas para isso é preciso manter o diálogo com os trabalhadores para que dessa forma seja possível construir o melhor para a Eletrobras.

O CNE não vai mais admitir atropelos nem estratégias equivocadas de gestão, que apenas são comunicadas aos trabalhadores. Isso pode até acontecer em empresas privadas, mas não é assim que as coisas funcionam na maior empresa pública de energia do Brasil e da América Latina.

Esperamos que essa aparente mudança de postura da Direção da Holding não seja apenas da boca para fora, em uma tentativa de ganhar a simpatia do CNE. Mas que de fato haja um diálogo permanente no qual os trabalhadores e as trabalhadoras possam contribuir com seu conhecimento.

Processo eleitoral para o Conselho de Administração em Furnas, Chesf e Eletronuclear será suspenso

É inadmissível que a direção das empresas do grupo Eletrobras intervenha para modificar o resultado das eleições para o Conselho de Administração. O fator mais importante de uma eleição é a democracia, ou seja, quem define são os eleitores. No caso dos Conselhos, as trabalhadoras e trabalhadores. Diante das interferências que ocorreram ao longo do processo eleitoral, o CNE questionou o diretor de Administração da Eletrobras, Alexandre Aniz, sobre a falta de legitimidade das interferências, uma vez que elas não representam a vontade da maioria.

Diante do impasse e dos questionamentos das lideranças sindicais, o diretor de Administração Alexandre Aniz se comprometeu nesta terça-feira (18) em suspender o processo em Furnas, Chesf e na Eletronuclear para que as irregularidades sejam apuradas. De acordo com Aniz, os problemas apontados serão verificados pelo Comitê Interno Transitório de Elegibilidade (CITE), departamento que vai tomar a decisão respaldada na legislação para assegurar a legitimidade do processo eleitoral.

INTERTEXTO

Primeiro levaram o In Itinere

Mas não me importei com isso

Eu não recebia.

Em seguida levaram alguns terceirizados,

Mas não me importei com isso

Eu também não era terceirizado.

Depois prenderam os grevistas,

Mas não me importei com isso,

Porque eu não sou grevista.

Depois agarraram os que ficaram desempregados,

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei.

Agora estão me levando,

Mas agora é tarde.

Como não me importei com ninguém, nem com nada

Ninguém vai se importar comigo.

Texto de Bertolt Brecht adaptado.


CALENDÁRIO DE ATIVIDADES CNE

Dia 28.4: GREVE GERAL

Dia 03 e 04 de Maio: Atividade do CNE – RJ

Dias 15 e 16 de Maio: Atividade do CNE – Brasília


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