Brasília – O Brasil deverá retomar em, no máximo, três meses os níveis de crescimento da indústria anteriores ao período pré-crise financeira mundial, em 2008, em razão das medidas anticíclicas e das desonerações tributárias adotadas pelo governo. A avaliação é do economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Marcelo de Ávila. Os quatro países do chamado Bric – acrônimo que representa o grupo de países emergentes integrado por Brasil, Rússia, Índia e China – estão apresentando comportamento diferenciado de suas economias na retomada da atividade industrial depois da crise mundial, de acordo com última edição da revista Indústria Brasileira em Foco, lançada nesta terça-feira (31/8) pela CNI.

A Rússia foi a mais afetada dos Bric, com queda de 32,1% na produção industrial, seguida do Brasil, que registrou redução de 2,5% no ritmo da atividade industrial entre setembro de 2008, quando se iniciou a crise, e junho deste ano. A Índia cresceu 14,7% e a China 24,3% no período da crise.

A Rússia figura no momento como o país, entre os quatro, que mais enfrenta dificuldades para se recuperar. A razão, de acordo com Marcelo Ávila, é “a alta insegurança jurídica existente no país e também os efeitos da transição política que o país viveu, que provocou a fuga de investimentos internacionais para cobrir perdas no mercado externo”.

O impacto da crise mundial na indústria brasileira, segundo o documento divulgado pela CNI, “foi muito mais intenso do que na China e na Índia”.

A China foi o país menos afetado, explicou Marcelo de Avila, por causa da adoção do câmbio desvalorizado que favoreceu as exportações e permitiu aos chineses ofertar ao mundo produtos a preços mais baixos. Ele avalia que o Brasil, a China e a Índia lideram o crescimento econômico em nível mundial. “As três economias serão preponderantes no cenário futuro, não só pelo ritmo mais forte de crescimento, mas pela robustez que têm adquirido no cenário econômico mundial. Enquanto isso, os países desenvolvidos ainda não se recuperaram”, afirma.

(Fonte: Lourenço Canuto, Agência Brasil)