A substituição dos terceirizados, a renovação das concessões e uma proposta que atenda os trabalhadores e trabalhadoras da CEB que estão em Data-Base. Esses foram os principais pedidos dos trabalhadores e trabalhadoras da CEB ao presidente da empresa durante a audiência pública realizada nesta quinta-feira (05), na Câmara Legislativa. Os concursados aprovados em 2012 também compareceram e ajudaram a lotar o auditório da CLDF.

Em quase quatro horas, deputados, sindicalistas, trabalhadores, concursados, diretores da CEB e representantes do GDF debateram a situação atual dos trabalhadores e cenário econômico da empresa.

O diretor do STIU-DF, Alairton Gomes, destacou a precariedade de trabalho dos cebianos, principalmente os da área operacional. “Nunca a situação desses trabalhadores foi tão ruim. Faltam materiais e até equipamentos de proteção individual”, alertou. “Hoje, a palavra de ordem é produtividade, mas a empresa não dá as condições mínimas de trabalho. Então, os trabalhadores têm sempre que improvisar”, chama atenção.

Alairton destacou ainda que a contraproposta apresentada pela direção da CEB não atende os trabalhadores. “Nada de ganho real, nem a reposição da inflação e ainda retirada de benefícios. Isso é inaceitável. Estamos abertos para dialogar, mas sobre uma proposta que evolua”.

O deputado Wellington Luiz (PMDB), que propôs a audiência pública, apontou a importância do trabalhador para a empresa. “O patrão precisa entender que o maior investimento que se pode fazer é no ser humano”, disse.

O diretor de base do STIU-DF, Francisco dos Santos, destacou a enorme contradição da atual diretoria da CEB que apresenta absolutamente nada de reajuste aos trabalhadores e por outro lado queria reajustar em 80% os próprios salários.

Renovação da concessão

O deputado Ricardo Valle (PT) questionou o por quê da renovação da concessão da CEB ainda não ter sido feita, uma vez que o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou a renovação desde o dia 9 de setembro. “Gostaria de saber se o GDF ainda tem o interesse de privatizar a CEB, pois lá se vão quase dois meses e ainda nada”, indagou.

O presidente da CEB, Ari Joaquim da Silva, disse que a renovação será efetivada no início de dezembro e garantiu que a empresa não será privatizada enquanto ele presidir a Companhia. “Isso não está em nosso horizonte”, disse.

Ari disse ainda que será enviado um projeto de lei com o intuito de recuperar a empresa. Embora não tenha dado muitos detalhes, um dos pontos da proposta, segundo ele, é que o dinheiro proveniente do lucro da CEB fique na Companhia.

Concursados

O trabalhador da CEB, João Márcio, frisou que a categoria tem comprometimento com a empresa. Segundo ele, a CEB só está de pé graças ao corpo técnico. “Todo esse conhecimento adquirido ao longo de décadas está se perdendo, porque esses trabalhadores estão se aposentando e o corpo técnico não está sendo reposto. Essas pessoas que estão aqui, reivindicando legitimamente o seu direito de ser contratado, terão que aprender tudo sozinhas, pois não terão mais quem passe esse conhecimento a elas”, destacou

O delegado sindical da CEB, Luiz Henrique, apontou o equívoco da contratação da empresa de fiscalização Telos. “Antes, a fiscalização era feita pelo corpo técnico da empresa e agora por essa empresa contratada. Ora, me parece estranho faltar dinheiro para tantas coisas e não faltar para a terceirização”, questionou.

Os concursados leram informações publicadas no Diário Oficial, onde consta a contratação de aproximadamente 350 terceirizados em 2014. “Em 2010, a direção da empresa se comprometeu a encerrar cerca de 1,5 mil contratos terceirizados, mas infelizmente não é isso que estamos vendo”, disse José Túlio.

A concursada Marilene questionou o pedido do presidente da CEB para que o Termo de Ajuste de Conduta (TAC), que prevê o fim da terceirização na empresa, seja prorrogado por mais 18 meses. “Qual é o objetivo disso, se existem várias pessoas aprovadas no último concurso e estão aguardando serem chamadas”, reclamou.

Segundo Ari, das 90 vagas previstas no edital, 55 foram convocadas. A platéia retrucou afirmando que nenhuma dessas vagas foram ocupadas por técnicos nem da área operacional.

Ari não deixou claro se existe um planejamento para a contratação dos concursados aprovados em 2012. Diante disso, os concursados pediram aos deputados e dirigentes sindicais que atuem junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para que a entidade faça valer o TAC e multe a CEB pelo abuso excessivo na contratação de mão de obra terceirizada.