Para dirigente sindical, o financiamento privado de campanha é uma forma de corrupção velada e institucionalizada. Acabar com a doação privada é inviabilizar a “troca” de favores.

De acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) o custo de uma campanha eleitoral para deputado federal pode chegar a R$ 2 milhões e a de senador pode não sair por menos de R$ 5 milhões. E quem financia isso?

Nas eleições de 2014, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as candidaturas, em geral, foram majoritariamente financiadas por empresas privadas. Do total das doações, 76, 47% foram bancadas por corporações e somam mais de R$ 3 bilhões doados. Isso legalmente, claro.

Cada centavo “investido” é sempre restituído na forma de favores que tragam benefícios aos patrocinadores das campanhas. Assim, os eleitos estão mais interessados em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Isso é uam forma de garantir a reeleição.

Para a dirigente sindical, Fabiola Antezana, o financiamento privado, de maneira indireta, está vinculado à corrupção no País. “O financiamento corporativo tem um propósito muito claro. As empresas injetam recursos para garantir a eleição de representantes de seus interesses, que, na maioria das vezes é contrário aos interesses da sociedade. Uma vez o candidato eleito, este deve dar um retorno àqueles que o patrocinaram. As formas são diversas: destinação de verba de gabinete para projetos, facilitação em licitações, aprovação de projetos, informações privilegiadas. É uma forma de corrupção velada e institucionalizada”, destaca.

Para inviabilizar essa troca defavores”, a reforma política é necessária. Além disso, qualquer candidato precisa ter o mesmo acesso ao financiamento das campanhas, seja por doação de pessoa física ou pelo Fundo Partidário. O reflexo disso seria o aumento das bancadas com representação da classe trabalhadora, que poderiam fazer o contraponto ao avanço conservador.

O financiamento público, defendido por diversas organizações sociais, estabelece a igualdade entre os candidatos por meio do barateamento das campanhas eleitorais. Ele abre caminho para que novas pessoas entrem na política não pelo incentivo financeiro, mas por suas propostas e ideais.


De acordo com Fabiola, a reforma política significa remodelar toda a forma que hoje se entende por fazer política. “Será o retorno dos candidatos às origens, à campanha corpo a corpo, ao olho no olho. É ressignificar os partidos políticos, pois hoje ao bel prazer de alguns se criam e se recriam partidos. Assim é importante a participação da população para exigir a alteração necessária no modelo eleitoral haja vista que os políticos não farão uma reforma que altere significativamente o status quo, e, dessa forma, a sociedade não será realmente ouvida. É de fundamental importância a participação de toda a sociedade nesse processo” conclui.

FONTE: Jornal Energia Alerta