Culpar o trabalhador por acidente de trabalho é a decisão mais fácil, injusta, ilegal e que só serve para mascarar as verdadeiras causas da falta de política para a saúde e segurança. Pois foi exatamente o que fez a empreiteira Selt/Remo, uma empresa contratada da Cemig que vive sendo alvo de reclamações e denúncias por não oferecer condições de trabalho dignas e sonegar direitos trabalhistas.

Um eletricista da Selt/Remo lotado em Betim foi duramente punido, no dia 25 de março, com demissão sumária porque a empreiteira o responsabilizou por um acidente de trabalho que sequer foi registrado. Sem registro, a Selt/Remo se livrou da emissão de CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho).

Segundo relato do eletricista vítima da injustiça, no dia 9 de março, durante o trabalho em rede elétrica na zona rural de Betim, por volta das 22 horas, a chave faca que ele usava simplesmente quebrou no encaixe para abrir o sistema. Isso gerou um arco elétrico que provocou queimadura na mão esquerda do trabalhador e danificou mais duas chaves faca. O pior é que o eletricista foi orientado a continuar o trabalho. Como estava chovendo, no retorno, a caminhonete da empreiteira usada por ele e o companheiro de equipe atolou no barro. Eles solicitaram ajuda da Selt/Remo, pois não conseguiram tirar o carro do atoleiro. O que a empresa fez? Não mandou ajuda para a dupla, que acabou obrigada a dormir no local, isolado pelo mato.

O socorro só chegou por volta das 11 horas da manhã. Com ardência na mão esquerda, devido à queimadura, o eletricista foi até um posto de saúde de Betim. O médico receitou uma pomada e liberou o trabalhador para as suas atividades na Selt/Remo.

Tratado como bagaço de laranja

“Continuei trabalhando, sempre com muita sobrecarga. A empreiteira abriu uma investigação e quando foi hoje (dia 25/03) fui demitido. A alegação da Selt foi que eu danifiquei material da empresa e que não cuidei da saúde e segurança”, relatou o eletricista. Ele criticou que a demissão foi uma grande injustiça e enorme desprezo.

O eletricista atua na Cemig como terceirizado há cerca de cinco anos. Segundo ele, o salário é aproximadamente R$ 900,00. Para receber um pouco mais é imposta produtividade máxima. “Como a gente pode ter saúde e segurança com a exigência, tanto da Cemig quanto da empreiteira, de trabalhar além do nosso limite? Essa coisa de produtividade não funciona, é para impor mais riscos aos trabalhadores. Precisamos é de salário digno e de boas condições de trabalho”, destacou.

Solidariedade

O Sindieletro está dando total e irrestrito apoio ao eletricista injustamente demitido e orientando-o sobre seus direitos.

Para o Sindicato, a realidade da terceirização é uma só: exploração ao máximo, precarização das condições e direitos do trabalho, ausência de política de saúde e segurança, imposição de produtividade que potencializa os riscos de morte e mutilação, sonegação de direitos trabalhistas.

 

O RH da Cemig e a Diretoria de Distribuição vão tomar providencias em favor do trabalhador?

 

Fonte: Sindieletro-MG