O STIU-DF participou ao longo desta quarta-feira (4), no auditório Petrônio Portela, no Senado Federal, do Seminário Política Econômica e Reforma Política. Participaram dirigentes sindicais, estudantes, representantes de movimentos sociais e militantes CUTistas.

Os participantes chamaram a atenção para os aspectos empresariais que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, quer pautar a reforma política. Infelizmente, ele parece ter respaldo, uma vez que os parlamentares eleitos formam uma maioria disposta a retirar direitos e benefícios dos trabalhadores. “Desde 1964 não víamos um Congresso tão reacionário”, destacaram.

O embaixador Samuel Guimarães fez análise de conjuntura sobre aspectos políticos, sociais e econômicos. Um dos pontos abordados pelo palestrante foi a alta concentração de riqueza e renda de uma pequena parcela da sociedade brasileira. “Enquanto isso, milhões de pessoas não têm propriedade alguma”, destacou.

Guimarães também frisou o poder econômico exercido pelas elites do Brasil. E questionou, “como uma minoria consegue exercer tanta influência nessa maioria pobre?”. Segundo ele, a mídia exerce um papel fundamental nesse processo. “Nos telejornais, os empresários são sempre as pessoas que podem resolver os problemas do País. Eles são sempre protagonistas, os heróis. É como se os trabalhadores não fossem importantes nesse processo”, avaliou.

No aspecto político, Guimarães abordou a corrupção no financiamento privado de campanhas. Segundo ele, pessoas são eleitas para representar interesses de corporações e não da população. “Nos processos eleitorais, há doações legais e ilegais. Algumas pessoas se beneficiam disso. Mas esse não é o interesse maior. O objetivo principal é colocar o processo político a serviço dos grandes empresários. No Judiciário não é muito diferente. Pois qual seria o interesse do ministro Gilmar Mendes engavetar o processo que proíbe o financiamento privado de campanhas”, questiona.

A Ação direta de Inconstitucionalidade foi apresentada pela OAB ao STF em 2011. A ADI foi decidida no fim de 2013. A maioria dos ministros já manifestou voto pela proibição de empresas doarem a campanhas política. Mas há 11 meses Gilmar Mendes está segurando essa decisão apenas para protelar o processo.

Na avaliação do diretor do STIU-DF, Arthur Caetano, o financiamento privado de campanhas precisa ser eliminado. “Isso evita que determinados candidatos eleitos estejam a serviço do poder econômico em vez de representar o povo”, aponta.

Para o diretor do STIU-DF, Jeová de Oliveira, o tema da reforma política é de suma importância para a sociedade brasileira. “Estamos vivendo um momento muito importante na democracia em nosso País. Precisamos aperfeiçoar os mecanismos de participação da sociedade que clama por mais participação e transparência, avalia.

Pela manhã, o professor da PUC-SP, Antônio Lacerda, avaliou a economia brasileira e as perspectivas para os próximos anos. Acompanharam o tema os palestrantes Alexandre Conceição, do MST, a deputada Jô Morais (PCdoB-MG), o professor da Unicamp, Márcio Pochmann e Clemente Ganz do Dieese.