Apopulação do Distrito Federal é de maioria negra. A Pesquisa Distrital de Amostra por Domicílios revelou que os negros representam 57% dos brasilienses. Mas além de serem a maioria, também compõem números preocupantes: das pessoas em situação de pobreza no DF, 70,56% são negras. Em extrema pobreza, chega a 67,57%. Os dados mostram que a maioria ainda não tem acesso igualitário às mesmas oportunidades que os não negros, desde escolaridade até melhores salários. Mas especialistas acreditam que o problema não se restringe apenas à cor da pele.

Na análise do sociólogo Antônio Testa, da Universidade de Brasília (UnB), a desigualdade que predomina no Distrito Federal é a sofrida por pessoas em situação de pobreza, independentemente de serem negros. “Brasília é uma ilha que só atende à classe média. Se tiver negros com boa preparação educacional, eles conseguirão trabalho. A desigualdade é muito mais pela falta de mercado para todos trabalharem do que pela cor da pele”, afirma o especialista.

A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) foi a responsável pela realização da pesquisa. De acordo com a presidente Ivelise Longhi, o fato de ter mais pessoas negras em situação de pobreza, com menos acesso a educação e altos salários, revela a ausência de políticas públicas para atender essa parcela da população.

“Percebemos, com base nos dados, que ainda há discriminação no DF. São índices altíssimos dentro das classes mais baixas. Quanto maior a renda, menor é o percentual de negros que têm acesso. O que falta é uma oportunidade para eles”, pontua Longhi.

(Jornal de Brasília, 27.03.12)