Após a comprovação da quarta morte por complicações causadas por infecção pela bactéria Streptococcus pyogenes, aumentou o alerta nas escolas públicas e particulares do Distrito Federal. A utilização de álcool em gel para a higienização das mãos dos estudantes e o maior rigor na manipulação de alimentos e na limpeza de salas e de banheiros são algumas das medidas adotadas em diversos estabelecimentos educacionais.

Outra preocupação é levar tranquilidade aos pais dos alunos. Nos últimos dias, muitos receberam circulares detalhando as recomendações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do DF e alertando para a necessidade de que os cuidados tomados nas escolas sejam mantidos em casa. Como os quatro casos identificados até o momento são isolados, a Secretaria de Saúde assegura não haver surto da doença.

Na Escola Classe 305 Sul, onde estudava Davi Pereira Gomes Severo, 6 anos — última vítima da bactéria —, os cuidados foram redobrados. Na hora do recreio, os alunos deixaram a sala de aula para limparam as mãos antes de lanchar. Ontem, em fila indiana, eles aguardavam a professora despejar o álcool em gel nas mãos de cada um. Em seguida, a turma experimentou o cardápio repleto de frutas, que também foram preparadas com cuidado especial, lavadas com água e sabão por uma profissional que trabalha na cantina. O aviso na porta de entrada da cozinha é claro: “Nesse ambiente, só é permitida a entrada de pessoas com toucas ou devidamente autorizadas”.

A diretora da instituição de ensino, Helane Lima, informou que todos os cuidados estão sendo tomados para preservar a saúde dos alunos e tranquilizar os pais. “Ontem, realizamos uma reunião com a presença de profissionais de saúde para tirar as dúvidas. Muitos pais estavam angustiados. As dúvidas eram relativas ao tempo que a bactéria pode sobreviver no ambiente. Os médicos esclareceram que o micro-organismo dura somente por 24 horas”, detalhou. Davi Pereira morreu em 8 de outubro e, por isso, a diretora afirma não haver motivo para alarde.

“Nenhum outro estudante foi contaminado. Agora, é prevenir. A higienização é a melhor forma para isso”, complementou.

De acordo com a Secretaria de Saúde do DF, todas as pessoas que mantinham contato direto com o menino passaram por uma avaliação para saber a necessidade de tomar a penicilina — tratamento indicado para combater a Streptococcus pyogenes. O grupo de risco seria a família, a professora e os colegas mais próximos. A diretora da escola afirmou, no entanto, que, em alguns casos, não houve necessidade de iniciar o tratamento. “Eles foram analisados por um médico, que pediu um período de observação de sete dias. Como não apresentaram nenhum sintoma, a medicação não foi necessária”, disse.

Agressividade
É uma bactéria encontrada em até 15% da população, sem causar sintomas ou infecções. O micro-organismo é um dos responsáveis por causar dores de garganta e amigdalites e responde bem ao tratamento com penicilina.

Entretanto, algumas cepas da Streptococcus pyogenes são mais agressivas e podem causar infecções graves, principalmente quando atingem a corrente sanguínea. A bactéria também pode causar meningite e pneumonia.

Previna-se
Como evitar a infecção pela bactéria Streptococcus pyogenes:

» Lave as mãos. Essa é a melhor forma de evitar todos os tipos de contaminação, especialmente após tossir ou espirrar, e antes e depois de cuidar de uma pessoa doente.

» Evite compartilhar alimentos, bebidas, cigarros, pratos, copos e talheres. Creches e escolas devem limpar os brinquedos diariamente.

» Mantenha ferimentos (como cortes ou arranhões) limpos e esteja atento a sinais de infecção. Se um machucado apresentar vermelhidão ou inchaço, ou se a pessoa desenvolver febre, procure o serviço de saúde.

» Em caso de dor de garganta, um médico deve ser consultado. A pessoa diagnosticada com infecção por Streptococcus pyogenes só deve voltar a frequentar a escola, a creche ou o trabalho após estar fazendo uso de antibióticos por, pelo menos, 24 horas.

» O mesmo período deve ser respeitado por aqueles que atuam no setor da saúde ou alimentício.

» É importante evitar a automedicação. Aos primeiros sintomas de febre, dor de garganta ou infecções na pele, a pessoa deve ser encaminhada ao médico. É importante tomar a medicação conforme a prescrição médica, a fim de evitar complicações.

(Manoela Alcântara, Correio Braziliense)