As declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP) a um programa de televisão com críticas aos homossexuais, ao sistema de cotas raciais, à cantora Preta Gil e a defesa da ditadura militar o tornaram campeão no recebimento de mensagens pela ouvidoria no primeiro semestre. Foram 311 textos, dos quais 70% com teor negativo. Além de reprovar falas do parlamentar, que relacionou o homossexualismo à promiscuidade, a população pediu a cassação do mandato dele como forma de punição.
Em apenas três dias, no entanto, a absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), que aparece em uma gravação de 2006 recebendo dinheiro do delator da Caixa de Pandora, provocou uma enxurrada de mensagens. Foram mais de 300 textos recebidos de 30 de agosto a 1º de setembro. No primeiro semestre, os brasileiros enviaram 124 mensagens sobre o caso Jaqueline: 121 a favor da cassação e três contrárias à punição. Um deles criticava o corporativismo e a falta de vontade dos deputados em aprovar a PEC 300, que estabelece o piso nacional de policiais militares e bombeiros.
Sociedade civil
A PEC dos militares, aliás, está entre os assuntos de maior interesse, com 257 mensagens. Já a votação que deu 61% de aumento, passando o subsídio dos deputados para R$ 26,7 mil — valor equiparado ao recebido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal — foi uma das que mais geraram críticas negativas. O Código Florestal também provocou muito interesse, assim como a reforma política, o fim do fator previdenciário e a ampliação da licença-maternidade para 180 dias.
Para o ouvidor da Câmara, deputado Miguel Corrêa Junior (PT-MG), a participação popular ainda é tímida e direcionada. Ou seja, cada tema é abordado por um setor da sociedade, reflexo da influência que os projetos terão sobre eles. “Estamos tentando ampliar essa mobilização com outros canais”, afirmou.
Segundo o deputado, a Ouvidoria está se reunindo nas capitais para ouvir representantes dos segmentos sociais. “Levamos os relatores das propostas e convidamos integrantes da sociedade civil, como universitários, representantes das igrejas e movimentos sociais, e temos tido de 300 a 400 intervenções em cada evento”, disse. Conforme o parlamentar, a finalidade é ampliar a influência das sugestões para o plenário e as reuniões de comissões, usando para isso as mídias sociais.
Participação popular
» Nos primeiros seis meses de 2011, a Ouvidoria da Câmara recebeu 4.017 mensagens.
» São Paulo é o estado que mais enviou mensagens: 1.095. Depois aparece o Rio de Janeiro, com 606 textos, e Minas Gerais, com 388. Os homens respondem pela maioria das mensagens enviadas.
» Existem três formas de participar. A primeira é enviar uma mensagem pelo portal da Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br). Basta entrar no link Ouvidoria.
Outra é pelo perfil no Twitter: @ouvidoriacamara.
Também podem ser enviados textos pelo E-Democracia: www.edemocracia.gov.br.
(Juliana Cipriani, Correio Braziliense)
