Não é de hoje que vemos a gestão da Eletrobras estabelecer medidas que em nada colaboram com o clima organizacional da Empresa. A mais recente foi soltar um e-mail malicioso para a categoria, como um teste, envolvendo as entidades sindicais e o Acordo Coletivo firmado no TST trazendo uma séria de dúvidas aos(às) trabalhadores(as). De teste, apenas a intenção da empresa em medir quantas pessoas estariam dispostas a não estarem em uma negociação coletiva liderada pelas entidades sindicais, em uma conduta que consideramos uma clara prática antissindical que enfraquece uma negociação e fortalece a possibilidade de perdas maiores de direitos e benefícios.
Em um momento em que a NR 1 sofre modificações para incluir riscos psicossociais, como estresse, assédio moral e sobrecarga de trabalho e adequar-se à crise mental que assola o Brasil, a Eletrobras marcou um ponto ao realizar o Mapeamento de Risco Psicossocial. Há de se destacar que a categoria respondeu de pronto, na crença de que, de fato, a saúde mental importa. Mas a incoerência de determinar o retorno ao trabalho presencial de todas as pessoas, de forma unilateral, sem sequer considerar o impacto dessa medida para as pessoas e como isso poderá afetar a produtividade na Empresa, e quiçá suas finanças, fez com perdesse vários pontos.
Com a imposição do retorno ao presencial em meio ao semestre letivo, a Eletrobras mostra sua verdadeira face, total falta de respeito por quem constrói a Empresa. Esta medida poderia responder outra pergunta da pesquisa: sensação de falta de controle sobre as coisas. Temos ciência de que o retorno ao trabalho é um ato de gestão, mas tivemos uma negociação exitosa para o estabelecimento do trabalho híbrido, feita de tal maneira que resguardou o interesse da Empresa quando esta avaliasse que equipes seriam necessárias na atividade presencial. Ou seja, um termo que era bom para os dois lados, mas que cabia a Empresa mantê-lo ou não. É o que acontece quando as pessoas são escutadas, e essa representação, cabe às entidades sindicais.
A Empresa deveria ter negociado essa questão. Ao não fazê-lo, no mínimo poderia ter esperado as férias escolares, para que as pessoas pudessem se replanejar. Esta medida afetará em maior grau as mulheres trabalhadoras, que ainda assumem a maior parte das tarefas domésticas e adequaram sua rotina para conciliar seus horários para dar conta dos filhos em idade escolar e as entregas necessárias à Empresa. No mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, e a Eletrobras fala em valorização das suas profissionais, a Eletrobras perde mais uns pontos com essa medida.
Será que a Eletrobras levantou o impacto com o aumento no consumo de energia e águas nas instalações? Ou o aumento com pagamento de hora extra? A natureza e a integração das atividades do Sistema Eletrobras possibilitam plenamente a continuidade do trabalho híbrido, que beneficiou a categoria e a Empresa. Com este entendimento, as entidades sindicais solicitaram à Empresa no dia 26 de fevereiro a suspensão dessa medida para que houvesse um diálogo com as entidades, sugerindo a data de hoje (20.03) para uma negociação presencial no RJ, local em está ocorrendo o planejamento do CNE.
A Eletrobras simplesmente ignorou a solicitação da categoria. Não respondeu ao ofício, não apontou nenhum canal de conversa. BONITO POR FORA, TORPE POR DENTRO classifica bem a gestão de pessoal da Eletrobras privada. O respeito e a humanização perderam lugar. Sem uma predisposição da Empresa em ouvir seu quadro de pessoal, e considerando o que preconiza a CLT quanto ao prazo para retorno ao trabalho presencial (15 dias), é importante que o termo de retorno seja preenchido, de forma que nenhuma pessoa venha ser prejudicada ou perseguida futuramente.
O desrespeito da Eletrobras vai além
A Empresa não ignorou apenas a solicitação pela continuidade do trabalho híbrido. Ela também ignora os emails das pessoas desligadas em 2024 que questionam seus valores de rescisão. Inúmeros são os casos em que sequer há uma devolutiva por parte da empresa. Da mesma forma, a Empresa joga para dividir ao conferir direitos diferenciados nos Acordos Coletivos que sempre foram únicos. Um exemplo concreto é o plano odontológico, em que a comissão saúde apresentou como pleito que os planos fossem mantidos na autogestão, e, a Eletrobras ofertou esse pleito apenas para parte das bases. Por isso, as entidades sindicais que já haviam fechado o acordo solicitaram a extensão desse e demais itens para todas as bases, até o momento sem resposta alguma.
Vitória no exame toxicológico
Em ação movida pelas entidades sindicais que compõem o Sindinorte, e outras, a empresa fica impedida de realizar exames toxicológicos de forma ampla e indiscriminada, devendo respeitar não apenas a lei, mas os direitos da categoria.