A terceira rodada de negociação do ACT demonstrou que a alta Direção da Eletrobras não tem respeito pela vida das pessoas que constroem essa grande empresa. Sabemos que a Eletrobras não é mais uma empresa estatal, mas respeito e valorização de seu quadro de pessoal é fundamental em qualquer empresa, incluindo as privadas. Em um setor tão estratégico como é o nosso, entender, respeitar, valorizar a história da construção cotidiana é estratégico e fundamental para ter um ambiente organizacional positivo e condizente com o tamanho da empresa.

O CNE iniciou a reunião com um minuto de silêncio em homenagem ao trabalhador da CGT/Eletrosul que teve morte trágica, precoce, inesperada e estarrecedora no último sábado. A preocupação com o clima organizacional após a privatização, o desmonte das áreas de saúde e assistência psicossocial e a preocupação sobre as pressões e cobranças exageradas realizadas pela gestão da empresa deram o tom no inicio da rodada. A indefinição sobre a locação das pessoas a partir da reestruturação e as ameaças de retirada de conquistas tem produzido aflição, temor quanto ao futuro e adoecimento. É imperativa uma agenda positiva para mudar este clima, considerando os riscos de acidentes de trabalho e ao próprio sistema elétrico.

PLANO DE SAÚDE

O foco de reduzir por reduzir resultou no modelo apresentado para a saúde. Ativos deverão ir para plano de mercado e, aposentados e agregados deverão permanecer na autogestão. O que inicialmente pode parecer uma boa proposta, somente o seria, se a gestão dos planos de saúde permanecessem no âmbito das autogestões, que não possuem fins lucrativos e que conhecem as características regionais de nossas empresas e nossa massa de beneficiários.

A possibilidade de descontinuidade de acompanhamento é real e preocupante. Ainda mais no atual cenário de adoecimento de nossa categoria, isso sem considerar a possibilidade de encarecimento e descontinuidade do plano de saúde para os aposentados e agregados.

 NÃO À REDUÇÃO SALARIAL!

A Eletrobras reafirmou sua intenção de reajuste zero e continuou a insistir em redução salarial, desta vez, com índices distintos por faixas salariais aos hipossuficientes e uma possibilidade de redução esdrúxula aos hipersuficientes. O CNE rejeitou qualquer redução salarial entendendo não condizer com a situação econômica de uma empresa com 4,4 bilhões de lucro líquido. Querer reduzir salários e diversos benefícios é uma contradição com o cenário de uma empresa pujante.

De 2022 para 2023, houve uma redução de 33% na folha de pessoal, uma diminuição de quase 500 milhões somente em benefícios. Em contrapartida, houve um aumento em ações judiciais contra a empresa, aumento de pagamento de parcela variável, aumento na folha da alta direção de 37%.

Há um prejuízo à categoria na negociação, por falta de dados e informações da empresa, necessários para prosseguir no processo negocial de forma transparente. Respeito e valorização da categoria é imprescindível para uma empresa forte e estratégica no mercado.

O CNE reafirma seu compromisso com a vida e com aqueles que constroem a Eletrobras. Vida é saúde, é dignidade, boas condições de trabalho e sem distinção por tempo de casa ou salário. Não iremos aceitar retrocessos, e muito menos a truculência de achar que a redução salarial e a divisão da categoria serão a garantia de um ACT digno.

A mobilização continua sendo a mais eficiente arma para garantir nossas conquistas. Na próxima rodada, o CNE, além de apresentar as situações especificas constantes nos ACTs de cada empresa e normas internas, espera que a Eletrobras venha com uma postura condizente com a robustez de seu lucro.

Fiquem atentos à chamada de seu sindicato!