Com muita surpresa recebemos a notícia da morte de mais um trabalhador de forma trágica, precoce e sem explicação. O terceiro após a privatização da empresa, mais um trabalhador da CGTEletrosul. Sua partida repentina tem causado comoção em toda a categoria. Há uma necessidade clara e urgente de que se apure o que está acontecendo.

As empresas do Sistema Eletrobras, que possuíam programas de saúde de excelência, desmontaram sua rede de acompanhamento à saúde psicossocial após a privatização. Estar na Eletrobras parece não ser mais sinônimo de orgulho, futuro e segurança.

A categoria espera reconhecimento e valorização de seu trabalho. É necessário por um fim ao assédio moral que tem adoecido as pessoas que trabalham na empresa e cuidar verdadeiramente de quem a constrói. O CNE reafirma o compromisso com a vida e com a dignidade das pessoas que trabalham no Sistema Eletrobras.

QUANTO VALE UMA VIDA?

Desde a privatização, a economia de resultado imediato, com insistente priorização da redução na rubrica de pessoal, já resultou em 6 acidentes fatais na Chesf. Além do aumento no número de acidentes de trabalho nas empresas do Sistema Eletrobras como um todo, aumento de hora extra, sobreaviso, viagens infindáveis que afastam cada vez mais os(as) trabalhadores(as) de suas famílias. Enfim, pressão por produtividade com quadro reduzido e menos experiente.

Antigamente, a Eletrobras aplicava pesquisa para saber como andava o clima organizacional, o que não ocorre mais. E porque? Será que a nova gestão privada tem medo de enxergar o que até os cegos veem? Uma categoria adoecida, desestimulada com os rumos que se apresentam. É importante que a alta direção entenda que uma grande empresa se faz com pessoas valorizadas. Infelizmente, o que se vê é uma marca para fora, e outra realidade para dentro.

Pesquisa realizada pelo CNE no inicio do ano mostrou que a categoria considera o clima organizacional péssimo/ruim, sem perspectiva de futuro na empresa, o que se reflete em um aumento de procura por tratamento psicológico e até mesmo psiquiátrico. Agora, mais um ataque se dá sobre as vidas que constroem e mantem esse Sistema, que já foi motivo de muito orgulho: a alteração sem precedentes e irresponsável dos exames periódicos de uma categoria que necessita estar em dias com sua saúde para prestar um bom serviço. A nova sistemática, que descumpre o acordo e normativas  de segurança, faz com que o ASO APTO seja dado sem o exame de sangue sequer ficar pronto. Não há mais obrigatoriedade de exames cardiológicos, psicológicos, audiométricos, é brincar com a vida das pessoas. Ao que parece, a precarização da saúde também cumpre uma agenda de economia.

UMA NEGOCIAÇÃO COM FATOS E DADOS?

Antes da primeira rodada de negociação, a Eletrobras soltou um informativo para a categoria, colocando que acreditava em uma negociação conduzida de forma transparente, com base em fatos e dados objetivos. Na última rodada, o CNE fez a defesa das cláusulas do ACT Nacional, uma a uma, e, diante do pedido da empresa em fazer uma proposta baseada no princípio do conglobamento, solicitou o envio dos valores de diversas rubricas que compõem a folha de pessoal para analisar possibilidades.

Para quem acreditava em uma negociação transparente, baseada em fatos e dados, a resposta negativa da empresa alegando serem dados estratégicos, é uma sinalização ruim para a próxima rodada, que ocorre nos dias 23 e 24.04. Dados do relatório trimestral, já trazem algumas informações, mas não todas, e é impossível, pensar em proposta sem enxergar o todo. O princípio do conglobamento, não pode considerar apenas uma parte do todo.

Querer diminuir dos(as) trabalhadores(as) e, posteriormente, refletir em aumento para a alta direção não é moralmente ético. Como o que ocorreu entre 2022 e 2023, em que houve diminuição da folha de pessoal, decorrente dos PDVS, em 33% e aumento na folha da alta direção em 37%. Esperamos que a Eletrobras repense sua estratégia, faça valer o selo de embaixadora da transparência e traga os dados para possibilitar encontrar as saídas pretendidas.

Mas, é importante alertar que, não adianta enxugar o quadro de pessoal, e, ter um aumento em pagamento de parcela variável, por exemplo. É uma conta que não fecha. É uma economia irresponsável e que tem um preço sobre a categoria que se reflitirá diretamente sobre a sociedade.