A Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia (POCAE) condena a intervenção imperialista no Niger, cujo novo governo anunciou o fim da exploração das reservas minerais de urânio pela França.
Leia a íntegra e entenda o que está acontecendo no Norte da África:
NOTA DE SOLIDARIEDADE AO POVO DO NÍGER: Contra as intervenções imperialistas e em defesa da sua soberania nacional!
Brasil, 12 de setembro de 2023
O conjunto das organizações populares e sindicais do Brasil, integrantes da Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia (POCAE), manifestam sua solidariedade com o povo do Níger na luta em defesa de sua soberania nacional e repudiam todas as intervenções imperialistas no país.
Há anos, o Níger e vários países do continente africano vêm enfrentando os efeitos de intervenções lideradas pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As agressões vem sempre justificadas por um suposto objetivo de garantir a paz e a democracia, no entanto é uma grande farsa histórica, que apenas serve para atender a objetivos econômicos estratégicos dos países imperialistas, como o apoderamento de recursos naturais estratégicos.
Reagindo legitimamente às intervenções externas, ocorreu no último dia 26 de julho, a derrubada do então presidente Mohamed Bazoum com apoio do povo do Níger. Caso que também ocorreu em outros países da região, como Guiné, Mali e Burkina Faso, que como o Níger são ex-colônias francesas. Em todos esses casos, a população manifestou sua indignação contra as condições que são o resultado direto do domínio contínuo do neocolonialismo francês e da presença militar da França na região.
O novo governo, apoiado pelo povo do Níger, anunciou fim da permissão para que a França explorasse as reservas minerais de urânio do país e revogaram toda cooperação militar com a França.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) apoiada pela França, União Europeia e Estados Unidos anunciou uma intervenção militar no Níger e impôs sanções econômicas que levaram ao fechamento das fronteiras aéreas e terrestres, impedindo o comércio e o acesso a bens de necessidade básica da população. Essas sanções estão piorando as condições de vida da população, que já têm de lidar com a pobreza extrema e a desigualdade.
O uso de organizações como a CEDEAO e a OTAN para defender os interesses das potências imperialistas e apoiar governos que são amplamente rejeitados pelo povo vai contra todos os princípios de democracia, paz, prosperidade e autodeterminação dos povos. O povo do Níger tem o direito de buscar a paz e o seu desenvolvimento econômico para satisfazer suas necessidades materiais e sociais, com soberania, distribuição das riquezas e participação popular. As sanções e a intervenção militar apenas sabotarão a chance de desenvolvimento justo e levarão o país a mais perdas de vidas humanas.
Diante dos fatos, as organizações da Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia se une ao povo do Níger em suas reivindicações:
- O fim de todas as tentativas de intervenção militar por parte da CEDEAO, da OTAN ou da França;
- O fim de todas as sanções contra o Níger;
- A remoção imediata das bases militares estrangeiras do Níger e de outros países africanos.
Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia
Via Federação Única dos Petroleiros.