(divulgação/TV Brasil)

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, afirmou nesta sexta-feira (7) que “as alterações climáticas estão fora do controle”. O português acrescentou que o mundo caminha para o que chamou de “situação catastrófica”. O alerta foi feito após a Terra ter batido recordes consecutivos de temperatura esta semana e depois de o mês de junho ter sido o mais quente desde que há registro.

Para o cientista climático e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas Paulo Artaxo, o papel do Brasil na solução, ou pelo menos mitigação, do problema está na redução do desmatamento na Amazônia. Ele explica que a destruição de florestas tropicais, como a amazônica, é responsável por 20% das emissões de gases que causam o efeito estufa, principal causa das mudanças climáticas. Os outros 80% vêm da queima de combustíveis fósseis.

“Nós precisamos reduzir essas duas emissões a zero o mais rápido possível se nós quisermos continuar tendo um clima, digamos, amigável para as atividades humanas, ou seja, muita produção de alimento, fornecimento de água para as cidades e assim por diante. Então, essa é uma tarefa urgente para a humanidade, como o alerta da ONU deixou muito claro”, disse Artaxo, de acordo com a Agência Brasil. O especialista lembrou que os países mais atingidos pelas mudanças serão os mais pobres, “porque a população mais vulnerável é a população que mais vai sentir os impactos”.

Neste sábado (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à Colômbia para participar de uma reunião sobre a preservação da Amazônia com a presença do presidente colombiano Gustavo Petro. O encontro bilateral ocorre um mês antes da Cúpula da Amazônia, marcada para 8 de agosto, em Belém. A capital do Pará receberá os presidentes de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, países parte da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Emmanuel Macron, presidente da França, foi convidado como representante da Guiana Francesa.

Economia

Artaxo explica que a preservação da Amazônia, além de fundamental para a manutenção do clima amigável à humanidade, é necessária para preservar a economia brasileira. Ele explica que a floresta é “responsável por muito da evapotranspiração da água que alimenta o agronegócio do Brasil central e, se continuarmos com a destruição da Amazônia, como foi feito nos últimos anos, basicamente, toda a economia brasileira vai sentir impactos muito negativos”. Em relação a geração de energia, Artaxo disse que o Brasil tem vantagens únicas em relação aos demais países do mundo, que são o grande potencial de energia eólica e a energia solar.

Enfim, queda no desmatamento

Na quinta-feira (6), após cinco anos consecutivos de alta, a área sob alerta de desmatamento na Amazônia teve queda de 33% no primeiro semestre de 2023, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, é um sinal positivo de que há uma mudança efetiva na condução da política ambiental do país. “Sem dúvida estamos vendo uma retomada da diminuição do desmatamento, isso é muito importante”, disse.

Ele lembrou que durante o governo Bolsonaro houve um desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental. Em 2022, o país teve o maior desmatamento em 15 anos. Agora, pode-se observar uma retomada da fiscalização. “Podemos dizer que existe um início, pelo menos, de tendência [de redução do desmatamento] e a gente espera que continue assim, principalmente nesses meses que são de seca na Amazônia. Então, é muito importante o governo ter essa atenção redobrada”, disse.

Por Rede Brasil Atual – Publicado em 8 de julho de 2023.