Linha de frente na luta pela democracia, as mulheres do DF e do entorno voltam às ruas no dia 8 de março em defesa do bem viver, contra a fome, o machismo, o racismo e o fascismo. A marcha, que reunirá em uma só voz as pautas e bandeiras de luta de todas, terá início às 16h, com concentração no Eixo Cultural Íbero-americano (antiga Funarte). De lá, as mulheres seguem até o Palácio do Buriti, para exigir do GDF políticas de enfrentamento à violência de gênero.

O DF, que tem registrado aumento considerável nos casos de feminicídio, conta com um governo omisso e inoperante, como explicou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães. “Nos últimos dois anos o DF entrou no ranking, liderando entre as unidades da Federação com o maior número de feminicídios em proporção com o número de habitantes. A Secretaria da Mulher do GDF teve verba, desde 2020 foi aprovada a construção de quatro Casas da Mulher Brasileira no DF, que deveriam ter sido entregues no ano passado, mas nenhuma delas foi inaugurada. A única que existe no DF, reaberta ano passado na Ceilândia, não oferece a rede integrada de assistência à mulher e aos filhos”.

Thaísa afirmou também que a prestação de contas não está acontecendo de forma transparente e que o Conselho da Mulher do DF se limita a participação e a fiscalização, tornando mais difícil a atuação da sociedade nessa instância, que só teria a ganhar com uma gestão mais democrática. “O investimento da Secretaria foi em oficinas de empreendedorismo, sem um compromisso efetivo com a conscientização, a prevenção e o combate a todas essas violências que muitas vezes chegam ao feminicídio. Essas atividades não têm nenhum impacto na vida das mulheres, sobretudo àquelas da periferia”, explicou a secretária de Mulheres da CUT-DF.

Tempo de esperançar

O ano de 2023 trouxe um novo fôlego para as lutas sociais, com a derrota do fascismo nas urnas e a retomada de um projeto de país que olha para as mulheres, as pessoas negras, os povos originários e a população mais vulnerável. Entretanto, como pondera Thaísa Magalhães,  não houve uma mudança substancial nas Casas Legislativas.

“Ainda lidamos com o Congresso Nacional extremamente conservador. As grandes bancadas e lobbys continuam pressionando contra os direitos sexuais e reprodutivos. Além das Casas não nos concederem esses direitos, ainda são responsáveis por aprofundar os ataques à nossa autonomia”, afirmou a sindicalista.

Para Thaísa, outro ponto importante é que as mulheres e os movimentos sociais como um todo precisam também estar nas ruas, colocando a pauta de direitos das mulheres, pois só assim será possível recuperar os direitos que foram destruídos nos governos Temer e Bolsonaro e que atingiram barbaramente a população feminina, como a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência e a Emenda Constitucional 95, além de ampliar a emancipação, liberdade e autonomia das mulheres.

Via CUT-DF.