IELN

A indignação com o tratamento dispensado pelo governo e pela direção das empresas às negociações do ACT 2011 foi expressa de forma bastante contundente pelos trabalhadores e as trabalhadoras do Sistema Eletrobras, que aderiram em massa à paralisação ocorrida nos dias 20 e 21 de julho. Nas empresas de geração e transmissão, a adesão à greve variou de 90% a 100%, da mesma forma que na maioria das empresas distribuidoras. Na Eletronorte, o percentual de adesão foi de 95%.
Como era de se esperar de uma categoria que sempre foi à luta em defesa de seus direitos e suas justas reivindicações, os eletricitários cumpriram mais uma etapa dessa campanha já com a perspectiva de terem que ampliar a mobilização nos próximos dias. Isso porque nem o governo nem a direção da Holding acenaram com mudanças na postura adotada até o momento nesta data-base, marcada pela indiferença, recusa ao diálogo, opção pelo enfrentamento e perseguição política, como ficou claro na decisão de recorrerem ao interdito proibitório nos Estados do Rio de Janeiro, Rondônia e Piauí. Essa ferramenta, amplamente utilizada no período da ditadura militar para pressionar a classe trabalhadora a desistir de suas lutas, não deveria sequer ser lembrada no atual governo, quanto mais utilizada.
Essa postura autoritária do governo leva, infelizmente e inevitavelmente, ao questionamento sobre o apoio dado pela categoria para elegê-lo: foi mesmo o melhor caminho ou fomos enganados por um discurso de continuidade que hoje é trocado por desvios neoliberais e restrições tecnocráticas do mercado financeiro que impedem, por exemplo, o ganho real de salário? Afinal, as grandes perdas salariais do longo período anterior ao governo Lula ainda não foram recuperadas.
No decorrer desta campanha salarial, o governo e o Sistema Eletrobras ignoraram as tentativas de diálogo por parte do CNE, optando por impor uma agenda retrógrada baseada no arrocho salarial de seus trabalhadores, loteamento político de cargos, aumento da terceirização e perseguição aos sindicatos, situação escancarada nas distribuidoras de energia que, mesmo com as mudanças em suas diretorias, continuam a punir as entidades sindicais com multas astronômicas, na tentativa de calar os trabalhadores e as trabalhadoras.
O quadro, infelizmente, é esse. Por meio de suas ações, o governo e a direção da Holding evidenciam que os 27 mil trabalhadores e trabalhadoras são apenas números dentro do Sistema Eletrobras. O mais importante é colocar na conta da categoria os cortes orçamentários exigidos pelo mercado e pela burguesia nacional.
A resposta da categoria será à altura, com o aprofundamento das estratégias de luta. A vitoriosa paralisação da semana passada foi somente o início de uma grande jornada de mobilização em todo o País. Os trabalhadores e as trabalhadoras do Sistema Eletrobras vão mostrar que exigem respeito às suas reivindicações e não abrem mão de um ACT justo e digno para todos.
Nesta terça e quarta-feira, 26 e 27/7, o CNE estará reunido em Brasília para avaliar a paralisação e planejar as próximas ações. Temos a convicção de que estamos no caminho certo, pois a história já mostrou que não existe vitória sem luta!
Dando continuidade às ações do CNE, será realizada no dia 27 de julho, na sede da Eletronorte (Brasília), assembleia ampliada com a presença de diversos dirigentes sindicais da FNU.


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