Wilson Pinto Junior quando veio para a Eletrobras em julho de 2016, chegou com uma única missão: vender o Sistema Eletrobras na bacia das almas e a preço de banana. Chegou, moldou o CAE à sua imagem e semelhança transformando-o numa cozinha dos acionistas minoritários, entregou as principais posições na diretoria executiva a indicados do 3G Radar, grupo interessadíssimo na privatização da empresa e ávido pelo momento em que as bacias das almas estarão dispostas no balcão para fazerem suas compras.

Neste momento de pandemia, crise institucional e dificuldades econômicas à frente, Wilson Pinto Junior colocou seu crachá de vendedor-mor, se dirigiu à imprensa e afirmou que o maior conglomerado de empresas do setor elétrico brasileiro e da América Latina será vendido no próximo ano por R$ 16 bilhões ou US$ 2,9 bilhões.

Encheu a boca para dizer que a venda da Eletrobras será a “tábua de salvação” do governo na recuperação da crise e recessão pós-corona. Resta saber se quando falou isso Wilson Pinto estava bem de suas faculdades mentais.

Que vender a Eletrobras a preço de banana é o seu sonho, todos nós sabemos, agora que a venda ajudará na solução da crise… faltou-lhe argumento e razoabilidade.

Em síntese, o projeto de privatização de Wilson Pinto Junior pode ser comparado ao de um desnorteado que decide vender sua casa no momento errado, gasta rapidamente os recursos obtidos com a venda e, na sequência, volta a morar na mesma casa como inquilino e pagando muito mais.

Os dados e informações não mentem, vejam:

No Relatório de Administração 2019, consta que as empresas Eletrobras possuem uma capacidade instalada (direta ou indireta) de cerca de 72.541,11 MW – um verdadeiro colosso energético que faz inveja a muitos países, principalmente pela preponderância de energia limpa.

A Eletrobras também é um colosso no seguimento de transmissão, o sistema possui cerca de 77.944,46 KM de linhas de transmissão e um robusto sistema de transformação, que representa a espinha dorsal do Sistema Interligado Nacional.

A Eletrobras e suas empresas são uma potência em geração e transmissão, além disso, sempre atuaram como indutoras do desenvolvimento e crescimento do setor elétrico brasileiro, participando dos principais empreendimentos estruturantes e de integração energética regional.

Energia Barata:

Dados divulgados no RA-Eletrobras 2019, a empresa possui cerca de 14 mil MW de energia e 56 mil KM de Linhas de Transmissão renovados pela Lei 12.783/2013, que são remunerados por O&M (RAG e RAP). Os empreendimentos que geram e transmitem essa energia renovada já foram pagos ou amortizados pela sociedade brasileira – cada centavos foi cobrado durante anos nas contas de luz de todos os consumidores, que agora ganham o retorno do investimento na forma de modicidade tarifária.

Com energia elétrica firme, confiável e barata, a Eletrobras e suas empresas figuram como fiéis da balança na modicidade tarifária para garantir preços razoáveis aos consumidores residenciais, comerciais e industriais, tudo para se evitar preços abusivos que afetem a competitividade da economia nacional e transferência de renda das famílias para sustentar lucros astronômicos de “investidores”.

Em novembro de 2018, a Empresa de Pesquisa Energética – EPE publicou o estudo “Premissas e Custos da Oferta de Energia Elétrica no horizonte 2050”, nele foram divulgados o CAPEX e OPEX das diversas fontes de geração da nossa matriz energética.

Na tabela 38, extraída do estudo, constam os valores de Capex (inglês: CAPital EXpenditure, que significa Despesas de Capitais ou Investimentos em Bens de Capitais):

Para a EPE, conforme estudos, o CAPEX para cada kW de UHE/PCH fica entre US$ 1.800,00 e US$ 4.800,00. Levando em conta os valores estimados pela EPE para cada uma das fontes de geração de energia, é possível estimar o quanto seria necessário em moeda americana para construir empreendimentos correspondentes ao parque gerador da Eletrobras.

Diante destes dados, considerando o projeto de privatização elaborado pela Diretoria Executiva da Eletrobras liderada pelo presidente Wilson Pinto Junior, os trabalhadores e as trabalhadoras da Eletrobras, os consumidores residenciais, comerciais e industriais, as entidades representativas dos agentes do setor,  os governadores de estados, os prefeitos municipais, os parlamentares das câmaras municipais e legislativas dos estados, os deputados federais e senadores da República, querem saber:

  1. Quanto seria necessário para construir, com base nos custos estudados pela EPE, o parque energético do Sistema Eletrobras? Com a palavra o Diretor de Geração – Pedro Luiz de Oliveira Jatobá e o Diretor de Transmissão – Marcio Szechtman. 
  1. Quantos megawatt (MW) seria possível construir com R$ 16 bilhões ou US$ 2,9 bilhões – preço que eles querem vender a Eletrobras? Diretor de Geração Pedro Luiz de Oliveira Jatobá e pelo Diretor de Transmissão – Marcio Szechtman, quantos MW vocês conseguiriam construir com esses recursos? 
  1. Quanto seria necessário, em R$/US$, para a construção hoje dos ativos renovados de 14 mil MW de energia e 56 mil KM de Linhas de Transmissão? Diretores Pedro Jatobá e Marcio Szechtman utilizem seus planejamentos, bases orçamentárias e custos de G&T e exponham seus cálculos! 
  1. Os 14 mil MW de energia e 56 mil KM de Linhas de Transmissão renovados pela Lei 12.783/2013 serão pagos novamente pelos consumidores? Essa é a ideia senhor Wilson? 
  1. Quais são os impactos da descotização dos 14 mil MW de energia e 56 mil KM de Linhas de Transmissão nas tarifas e impostos a serem pagos, novamente, pelos consumidores residenciais, comerciais e industriais? Com a palavra a Diretoria Financeira e Relações com os Investidores – Elvira Baracuhy Cavalcanti Presta e seus superintendentes!  
  1. É correto cobrar novamente dos consumidores os empreendimentos já amortizados e indenizados? Senhores José Guimarães Monforte – presidente do Conselho de Administração e Wilson Pinto Junior – presidente, sejam transparentes, expliquem essa matemática perniciosa aos parlamentares do Congresso Nacional e à sociedade brasileira! 
  1. O projeto de privatização preconiza a descotização dos ativos renovados (14 mil MW de energia e 56 mil KM de Linhas de Transmissão), que refletirá em aumentos nas tarifas. Estas tarifas já tinham sido impactadas pelas indenizações referentes às cotizações. A Eletrobras devolverá as indenizações? O consumidor pagará novamente, numa espécie de “Bis in idem” – duas vezes o mesmo? Que contabilidade criativa é essa Diretora Elvira Presta? 
  1. Sustentabilidade econômica é um conjunto de práticas econômicas, financeiras e administrativas que visam o desenvolvimento econômico de um país ou empresa. Até que ponto a venda da Eletrobras por R$ 16 bilhões e com reflexos onerosos à sociedade é sustentável para preservação do meio ambiente e garantia da manutenção dos recursos naturais para as futuras gerações? Senhor Diretor de Gestão e Sustentabilidade – Luiz Augusto Figueira, o momento é de crise social e econômica, qual sua avaliação de projeto de venda? 
  1. O Sr. Wilson Pinto Junior, em apresentação de resultados, disse ao mercado que para a conclusão de Angra 3 será necessário cerca de R$ 15 bilhões. Neste cenário, podemos concluir que a Eletrobras e suas empresas estão sendo vendidas por R$ 16 bilhões, para a conclusão de um empreendimento de 1.600 MW de uma de suas controladas? Diretoria Elvira Presta, queremos a conclusão de Angra 3, que é muito importante para o sistema e para o setor, mas não podemos concordar com a entrega da Eletrobras na bacia das águas, como vocês querem!
  1. Quem lucrará com a venda da Eletrobras? Quais são os interesses do Grupo 3G Radar na Eletrobras? É normal renunciar a uma empresa estratégica com a Eletrobras em momento de crise econômica? Com a palavra a diretora de Governança, Riscos e Conformidade – Lucia Casasanta e o diretor de Gestão e Sustentabilidade​ – Luiz Augusto Pereira de Andrade Figueira.

Veja aqui o boletim do CNE.

(Com informações da AEEL)