Cúpula das Forças Armadas avalia que preocupação estrangeira com Amazônia está relacionada a interesses econômicos.

Há consenso dentro das Forças Armadas de que as críticas estrangeiras à política ambiental nacional escondem interesses econômicos que podem ferir a soberania do Brasil. Tal percepção é acentuada pelo arraigado sentimento territorialista dos militares, que atinge seu ápice em sua relação com a Amazônia. É uma avaliação que coincide com a posição do presidente Jair Bolsonaro.

Entre os mais de dez generais da ativa e da reserva, além de ministros e ex-ministros ouvidos por ÉPOCA, a questão ambiental tem se mostrado um dos poucos pontos de intersecção entre o que pensam as altas patentes militares e o governo Bolsonaro hoje. Há discordâncias no campo da diplomacia, que vão desde o alinhamento automático aos Estados Unidos até a indicação de Eduardo Bolsonaro como embaixador. Eles divergem também na estratégia de não formar uma base de apoio político e na ideia de privatizar estatais, como a Petrobras.

Se, no início do governo, havia uma intenção dos militares em incorporar o papel de servidores do alto escalão do Estado depois de estarem por 30 anos relegados à condição de coadjuvantes do poder, hoje há uma preocupação patente em fazer com que, à luz da história, a gestão de Bolsonaro não seja lembrada como um governo militar.

Para reforçar essa ideia, militares recorrem ao expediente de que os generais presentes no Executivo são todos da reserva — com exceção do general Luiz Eduardo Ramos, que se licenciou do Comando Militar do Sudeste para assumir o cargo de Santos Cruz na Secretaria de Governo. O Exército, em si, permanece silencioso, cabendo apenas ao ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, o respaldo político da instituição.

Revista Época