As empresas estatais federais promoveram mais inovações do que as companhias privadas entre 2006 e 2008. Os dados são da Pesquisa de Inovação nas Empresas Estatais Federais 2008, divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. De acordo com o documento, praticamente sete em cada dez empresas públicas criaram algum produto ou processo nesse período. Entre as empresas privadas, de acordo com a última Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) do IBGE, a relação cai para quatro em cada dezena.
Das 72 estatais investigadas, 49 implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado entre 2006 e 2008. As estatais federais gastaram R$ 5,6 bilhões nas atividades inovativas em 2008, o que representa 1,7% do faturamento de cerca de R$ 330 bilhões. O estudo mostra que as inovações das estatais federais foram baseadas especialmente na realização de atividades contínuas de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
A inovação apenas em processo predominou em 33,3% das 49 estatais inovadoras, ao passo que 30,6% delas inovaram em produto e processo e 4,2% apenas em produto. Para o IBGE, este é um comportamento diferente do observado pelas empresas em geral da Pintec 2008, em que as inovações em produto e processo predominaram em 17,2% das inovadoras. Entre as atividades empreendidas para inovar, estão as de P&D que, desenvolvidas internamente, representaram 42,9% nas estatais contra 11,9% no âmbito da Pintec 2008. Dos R$ 5,6 bilhões investidos pelas estatais em inovação, o gasto em P&D interno foi de R$ 3,5 bilhões.
Esta é a primeira pesquisa do IBGE a investigar isoladamente as estatais federais, além de setores que nunca tinham sido estudados pelo instituto. Entre as atividades econômicas englobadas pelo estudo estão eletricidade e gás; construção; comércio; transporte, armazenagem e correio; atividades financeiras, de seguros e serviços selecionados; atividades imobiliárias; atividades profissionais, científicas e técnicas; atividades administrativas e serviços complementares; e outras atividades de serviços. A pesquisa foi realizada com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais Federais do Ministério do Planejamento.
A pesquisa revelou também que entre 2006 e 2008, 57,1% das estatais federais investigadas enfrentaram obstáculos à inovação. Os dois principais entraves foram a dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações e a rigidez organizacional. Cada um dos fatores foi citado por 64,3% das estatais federais que tiveram dificuldade em inovar. O percentual é superior ao do conjunto de empresas do âmbito da Pintec 2008 (32,4% e 31,4%, respectivamente), retratando dificuldades do setor público ligadas a entraves burocráticos e legais. Por outro lado, os elevados custos da inovação (73,1%) e os riscos econômicos excessivos (65,6%), apontados com grande expressão no âmbito geral da Pintec 2008, não foram destacados pela maioria das estatais federais, com percentuais de 35,7% e 17,9%, respectivamente.
A maioria das estatais inovadoras, segundo dados do estudo, implementou mudanças organizacionais. Entre as inovações não tecnológicas, 91,9% das empresas estatais federais inovadoras em produto e/ou processo também realizaram alguma inovação organizacional e 38,8% alguma inovação de marketing. O principal destaque foram as inovações em técnicas de gestão (85,7%), principalmente se comparado à Pintec 2008, em que 48,1% das empresas implementaram esta modificação. Quanto às inovações de marketing, o movimento foi contrário, com índices maiores nas empresas da Pintec 2008 em geral (69%), já que grande parte das estatais não têm o foco no mercado.
As estatais federais criaram mais relações de cooperação do que as empresas do âmbito da Pintec, segundo a pesquisa. Das 49 estatais inovadoras, 71,4% estabeleceram alguma relação de cooperação entre 2006 e 2008, enquanto que nas investigadas pela Pintec a taxa foi de 10,4%. Os principais parceiros das estatais federais foram universidades e institutos de pesquisa, com 51,4% frente aos 31,2% da Pintec 2008. Entre as estatais, as cinco principais fontes de informação utilizadas para inovar entre 2006 e 2008 foram áreas internas à empresa (71,4%), fornecedores (59,2%), clientes e consumidores (59,2%), universidades e outros centros de ensino superior (59,2%) e conferências, encontros e publicações especializadas (59,2%). As duas últimas não estavam entre as cinco principais fontes de informação das empresas da Pintec 2008.
O financiamento do governo é superior nas estatais federais inovadoras. Entre as companhias que inovaram, 24,5% receberam algum tipo de incentivo governamental. O percentual é ligeiramente superior ao observado nas empresas da Pintec 2008 (22,3%), em que se destaca o financiamento à compra de máquinas e equipamentos (13,5%). Nas estatais federais esse percentual foi de 2,0%, já que os gastos da inovação foram realizados, principalmente, em P&D.
(Agência CanalEnergia com informações da Agência Brasil)
