O presidente da Eletrobras, Wilson Pinto, foi convocado pela Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados para explicar a incorporação da Eletrosul à CGTEE e a modelagem de privatização da estatal. No entanto, durante a audiência pública realizada na manhã desta terça-feira (7), o gestor embromou e não apresentou nada além de dados e percepções acerca do processo. Não mencionou sequer um estudo ou parecer  sobre as eventuais vantagens ou riscos do modelo proposto para  a   incorporação das subsidiárias da Eletrobras.

De acordo com a dirigente sindical do Sinergia-SC, Cecy Marimon, as informações apresentadas pelo presidente da Eletrobras não correspondem à realidade. “A incorporação “às avessas” da Eletrosul pela CGTEE na prática é um arranjo empresarial que não tem qualquer embasamento. Não foram apresentados em nenhuma instância estudos e pareceres que apresentem a legalidade, a fundamentação técnica e, especialmente, a necessidade e pertinência dessa forma de reestruturação societária”, destaca a dirigente.

Marimon aponta que há outras modalidades para a incorporação, “no qual se faria a opção mais lógica, em que a Eletrosul incorporaria a CGTEE e esta possibilidade nem foi analisada pela gestão da Eletrobras”. Ressalta-se que no modelo proposto a empresa menor (CGTEE), que é deficitária e tem apenas um ativo de geração, vai incorporar a empresa maior (Eletrosul), de atuação regional, com melhor resultado econômico-financeiro e excelentes resultados operacionais.

Durante a audiência, a bancada parlamentar de Santa Catarina se posicionou contrária à medida apresentada. O deputado Coronel Armando (PSL – SC), propositor da audiência, apresentou histórico e as diferenças de desempenho operacional e econômico financeiro entre as duas empresas, destacando sua preocupação com os impactos que a falta de transparência neste processo poderia causar.

O Deputado Federal Elias Vaz (PSB-GO) confrontou o presidente da Eletrobras e ressaltou que o povo de Goiás está sentindo no bolso o canto da sereia das privatizações. A distribuidora Celg foi comprada, em 2016, pela italiana Enel que deixou o estado em situação calamitosa no que tange o abastecimento em energia. Vaz projetou o risco de ocorrer o mesmo nacionalmente com uma eventual privatização da Eletrobras.

Modelagem da Eletrobras

Com a capacidade de Wilson Pinto em desconversar, a modelagem de privatização da Eletrobras não foi apresentada. Ele disse apenas que é necessária a “capitalização” da estatal para novos investimentos.

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) questionou o gestor da Eletrobras sobre a responsabilidade da dívida da empresa após a privatização da empresa. Wilson Pinto não soube explicar o que será feito com o déficit, mas disse imaginar que a “dívida fique com a empresa a ser capitalizada”. Pontuou ainda que “a descotização é necessária”.

Vale destacar que, com a descotização a Eletrobras aumentaria a sua receita consideravelmente, não havendo a necessidade de uma privatização ou “capitalização”, como o presidente da estatal prefere nomear o desmonte do patrimônio público.