Pesquisa Datafolha divulgada nesta semana revelou que 60% dos brasileiros são contrários às privatizações de empresas públicas. Ainda sim, desconsiderando a opinião da maioria da população, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-feira (8) que o governo Bolsonaro pretende privatizar mais de 100 estatais.

Empresas do setor energético como Petrobras e Eletrobras, bancos públicos, como Caixa Econômica e BNDES, e rodovias configuram na extensa lista de privatizações da equipe econômica de Bolsonaro.

Na sociedade, o tema é rejeitado porque a grande maioria da população sabe que, no geral, os serviços prestados pioram e muito com a privatização. Além disso, ficam ainda mais caros. É a lógica de mercado: lucrar mais, investindo menos.

Um dos argumentos que ainda vigoram para defender as privatizações é o fim da corrupção. No entanto, na prática, isso não passa de mito.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pinguelli Rosa, lembra que vender empresas públicas não põe fim a escândalos. Ele cita caso recente envolvendo a Embraer, privatizada em 1994, durante o governo FHC, que no ano passado pagou mais de 200 milhões de dólares para encerrar processo na justiça dos EUA e Brasil.

Além disso, vale destacar, que empresas investigadas na Lava Jato como Odebrecht, OAS e Camargo Correa são privadas, não são estatais. “As empresas continuam sujeitas à corrupção mesmo depois de transferidas à iniciativa privada”, aponta Pinguelli.