IELN

As trabalhadoras e os trabalhadores da Eletronorte encontram-se apreensivos mais uma vez. Transcorrido mais de um mês da nomeação da Diretoria da Eletrobras, ainda não há definição a respeito do processo sucessório na Eletronorte. A decisão do STF de que a Lei da Ficha Limpa valerá apenas para as próximas eleições trouxe à cena figuras políticas que já colocam suas equipes em campo para influenciar na indicação das diretorias. Essa questão não é ponto pacificado; a sociedade clamou pela moralização na política mas, infelizmente, o Judiciário postergou a aplicação da lei. No entanto, não podemos aceitar calados que figuras de reputação duvidosa e moral questionável queiram buscar espaço na Eletronorte.
Ao longo de sua história, o Sindinorte sempre manifestou sua clara posição política no sentido de que as diretorias devem ser ocupadas por técnicos com conduta ética, reputação ilibada, credibilidade e liderança junto ao quadro técnico; que possuam conhecimento profundo do setor elétrico; defendam a instituição Eletronorte; e, preferencialmente, pertençam ao quadro efetivo da empresa.
Para o primeiro escalão do governo, a presidenta Dilma nomeou técnicos de renome, com conhecimento do setor e capacidade técnica e política para levar adiante o projeto democrático e popular. Por ter ocupado o Ministério das Minas e Energia, a presidenta tem o conhecimento necessário para distinguir os quadros técnicos competentes em cada empresa. Por isso, diante das pressões e disputas por espaço nas empresas do Setor Elétrico, esperamos que o governo mantenha a coerência demonstrada até o momento, valorizando critérios técnicos, como fez na Eletrobras e, recentemente, em Furnas, repelindo ingerências de interesses puramente político-partidários. Essa disputa tem posto a Eletronorte num estado de inércia, causando prejuízos inclusive para a iminente negociação de database. Esperamos que o Governo honre seu compromisso com a sociedade, liberando de vez a Eletronorte dessa condição de refém da chamada governabilidade.
O clima organizacional da Eletronorte está abalado por atos de gestão questionáveis que vêm ocorrendo um após o outro, sem a devida discussão com as trabalhadoras e os trabalhadores que constroem o dia a dia desta grande empresa: reestruturação tecnocrática, banco de horas estancado, procedimentos diferenciados entre as diretorias, criação da caixa de assistência desvinculada do restante do setor elétrico, restrições ao tratamento fora de domicílio, tratamento diferenciado entre a categoria, distorções causadas pelo enquadramento cego do PCR, grupos de trabalho demorados e inconclusivos.
A implantação apressada do PCR em todas as empresas do Sistema Eletrobras, sem um prévio levantamento das habilidades e competências de seus quadros de pessoal, acirrou ainda mais o sentimento de discriminação nas trabalhadoras e nos trabalhadores e frustrou a grande expectativa criada. As entidades sindicais que integram o Sindinorte exigem da Diretoria ações que revejam os processos iniciados e corrijam os problemas existentes na Eletronorte, que jamais deveriam persistir com a implantação do PCR.
A Diretoria da Eletronorte vem utilizando o argumento da necessidade de autorização por parte da Eletrobras para dificultar a revisão e a solução desses problemas. Isso é inaceitável. O mínimo que se pode esperar é que a Eletronorte, que possui CNPJ próprio, faça a gestão sobre seus processos, mostrando à Eletrobras a legitimidade e urgência de ações a tanto tempo esperadas. A Holding não pode agir cegamente, sem se dignar a conhecer os problemas do dia a dia de nossa empresa.
Lamentamos que a Diretoria da Eletronorte sinalize com falta de sintonia quando se trata de enfrentar tais problemas e que esteja aumentando o combustível para tornar ainda mais difícil a data-base que se aproxima. O atual clima de descontentamento com certeza terá reflexos neste processo.
As trabalhadoras e trabalhadores da Eletronorte estão mobilizados e não “assistirão de camarote ao trem passar”. Qualquer que seja a Diretoria, ela deve estar preparada para lidar com questões de cunho estrutural e de gestão de pessoas que hoje afetam a produtividade da nossa empresa. As entidades sindicais que representam a categoria estão a postos para encaminhar as demandas da classe trabalhadora.

COM A PALAVRA, A DIREÇÃO DA ELETRONORTE


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