Com ênfase na redução de custos de pessoal, os trabalhadores vêm sofrendo com os desdobramentos do processo de privatização e da reforma trabalhista, como consequência, além da precarização das condições de trabalho, há o aumento significativo no número de acidentes e mortes de profissionais. No setor elétrico, o risco é ainda maior, considerando a alta periculosidade da atividade.

De 17 a 21 de setembro, acontece em Furnas a 30º edição da Semana Interna de Prevenção de Acidentes (Sipat). Em Minaçu, município onde está localizada a Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa, os eletricitários participam de palestras, debates e atividades físicas, com o objetivo de alertar e conscientizar a categoria sobre os perigos da profissão.

Nesta terça-feira (18), o dirigente do STIU-DF, Ikaro Chaves, ministrou uma palestra sobre “Privatização, precarização do trabalho e terceirização”. Para ele, a entrega do patrimônio público à iniciativa privada traz consequências graves para a saúde e segurança do trabalhador.

O dirigente ressaltou que a Celpa, concessionária do Pará privatizada em 1998, é uma das recordistas em número de acidentes, que resultaram em mortes na rede elétrica, somente em 2015, foram 14 óbitos, oito de trabalhadores terceirizados. “Há pessoas morrendo para que outros lucrem”, disse.

No setor elétrico, entre 2009 e 2015, foram registradas 449 mortes decorrentes de acidentes com trabalhadores, sendo 69 de trabalhadores do quadro próprio e 380 de terceirizados, de acordo com a nota técnica número 173, do Dieese.

Ikaro lembrou da recente decisão do Superior Tribunal Federal (STF) que libera a terceirização irrestrita no país. Segundo o dirigente, a sentença vai resultar na piora dos serviços prestados com a elevação no índice de acidentes na rede elétrica. “As empresas privadas atuam sob a ótica do mercado, lucro em primeiro lugar. Não existe interesse em investir em cursos, treinamentos e equipamentos”, finalizou.

Prevenir é sempre a melhor decisão

“Acidentes domésticos e no trabalho que causam lesões na pele – condutas e manejos” foi o tema da apresentação da enfermeira Karine de Paula. Para ela, a maior parte dos acidentes são provenientes de situações que poderiam ter sido evitadas.

De acordo com a enfermeira, cerca de um milhão de acidentes com queimaduras acontecem ao longo de um ano e “quando não levam à morte, deixam sequelas permanentes”, destaca.

Ela reforçou ainda a necessidade do uso dos equipamentos individuais para a prevenção dos acidentes em razão dos riscos constantes que cercam a categoria eletricitária.

O vice-presidente da Cipa, Vênancio Abreu, enfatizou que uma melhor saúde e segurança no trabalho dependem também das atitudes individuas e coletivas dos eletricitários.

Para Raimundo Ferreira, presidente da Cipa, a participação e apoio do STIU-DF foram fundamentais para a realização da 30º Sipat.