De forma totalmente arbitrária e sem justificativa legal, o trabalhador da Chesf, Gerson Francisco dos Santos Júnior, que é dirigente sindical do Sindurb-PE, foi demitido nesta quarta-feira (12) pelo presidente da empresa, Fábio Lopes, e pelo diretor de Gestão, Adriano Soares da Costa. Os trabalhadores vão recorrer à Justiça.

A motivação para a demissão seria a participação do trabalhador em manifestação ordeira e pacífica com a categoria contra a privatização da Chesf no dia do aniversário da empresa.

Para o dirigente sindical do STIU-DF, David Oliveira, a iniciativa da direção da empresa é uma clara manifestação de intimidação dos trabalhadores. “É inadmissível essa postura autoritária e abusiva por parte da empresa. Não podemos tolerar uma postura totalmente absurda e ilegal como essa”, reagiu.

A CLT, em seu artigo 543, prevê estabilidade no emprego para os trabalhadores que estão investidos em cargos de representação profissional, desde o registro da candidatura até um ano após o mandato. A única ressalva para demissão seria em caso de “falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação”, segundo o § 3º do dispositivo.

“Ora, então lutar pacificamente por nossos direitos e por melhores serviços prestados à população agora virou falta grave? É evidente que se trata de perseguição e intimidação contra aqueles que estão lutando contra esse governo ilegítimo, que só sabe retirar direitos dos trabalhadores. Mas não vão nos calar diante de tamanha brutalidade e arbitrariedade”, desabafa David. “Que mundo é esse que essas pessoas vivem”, acrescenta.

O presidente da Chesf, Fábio Lopes, foi indicação pessoal do ex-ministro de Minas e Energia de Temer, Fernando Bezerra Filho, que concorre à reeleição para deputado federal por Pernambuco.

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) enviou correspondência à diretora de Administração da Eletrobras, Aracilba Alves Rocha, que não interveio para impedir a injustiça.

“Este clima de perseguição que hoje se institui na Chesf, na base de Pernambuco, pode ser um precedente perigoso para os trabalhadores de outras empresas do sistema. Portanto, todos os sindicatos devem ficar atentos e mobilizados para denunciar esse tipo de atitude”, se manifestou o CNE por meio de nota.

No próximo dia 17 está previsto ato dos trabalhadores em protesto à demissão de Gerson em frente à Chesf. Várias entidades sindicais e movimentos sociais também participarão do ato.