Na opinião do candidato Guilhermo Boulos (Psol), que participou do Encontro com Presidenciáveis promovido pela Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe) nesta quarta-feira (5), o Brasil precisa de empresas públicas com capacidade de investimentos e não de privatização.

Perguntado por meio de vídeo enviado previamente pela dirigente sindical do STIU-DF, Fabiola Antezana, que questionou qual seria a política de universalização da energia elétrica uma vez que milhões de pessoas ainda vivem às escuras, Boulos disse que vai generalizar a cobertura de energia elétrica no País.

Segundo ele, o Brasil só avançará na política de eletrificação com investimentos públicos e uma estatal viável e com forte compromisso social.

“Uma empresa privada, preocupada com a sua lucratividade, vai investir para levar energia para um povoado de mil pessoas na Amazônia? Não vai, porque não é rentável fazer isso. Só vai fazer isso quem tem responsabilidade social, por isso não vamos deixar privatizar a Eletrobras. Vamos dar transparência e controle social na sua gestão e dar condição para que faça uma política de investimentos para que todos os brasileiros tenham acesso à energia elétrica”, defendeu.

Fabiola também destacou o papel do programa Luz para Todos, que levou energia elétrica para milhões de pessoas em todo o País e que precisa ser continuado. Para Bolulos, essa política realmente precisa avançar.

“Nós estamos em 2018, não no tempo das cavernas. Estarmos discutindo a universalização da energia elétrica quando esse problema já deveria ter sido resolvido no País. Aliás, as coisas estão andando para trás, pois 1,2 milhão de pessoas voltou a cozinhar a lenha por conta do preço do botijão de gás. Daqui a pouco as cavernas voltam a ser moradia literalmente”, disse Boulos ironizando o governo Temer.

Reformas

O candidato disse que fará sim reformas para colocar o País nos trilhos. “Não as que foram feitas por Temer. Aliás, essas eu vou revogar todas”, disse Boulos, se comprometendo em seguida com a reforma Tributária, que será uma das prioritárias.

Ele defende uma reforma tributária progressiva, que incide sobre quem ganha mais e não pelo consumo de produtos, como acontece hoje. Isso, segundo ele, vai favorecer a arrecadação de R$ 120 bilhões ao ano, representando 2% do PIB.

Para avançar nessas questões, Boulos acredita que a participação popular será decisiva. “Nós queremos que as grandes decisões do Brasil passem por consulta popular e referendos. Isso está previsto na Constituição. Temos que acabar com essa povofobia”, defendeu.

“Se eu for eleito, significa que terei apoio de aproximadamente 55 milhões de eleitores. Então, essas pessoas precisam me ajudar a implementar esse projeto. Temos que acabar com o balcão de negócios que existe, com repartição de cargos, emendas e ministérios. Eu quero ver aquele Congresso com 2 milhões de pessoas na porta, querendo a taxação de grandes fortunas se eles não aprovam as medidas que o Brasil precisa, como o fim do auxílio moradia deles, o fim dos privilégio da cúpula desse país”, acrescentou.

Boulos destacou ainda que vai acabar com as desonerações sem critério, que não têm contrapartida de geração de emprego, ou benefício social algum. Só em 2018, a União deixou de arrecadar R$ 283 bilhões, 4% do PIB.

Moradia

Perguntado se é favorável a propriedade privada, uma vez que se notabilizou com a ocupação de imóveis privados, disse que o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) gosta tanto de propriedade que deseja isso pra todos. “Mas no Brasil isso não é assim. Alguns têm, outros não. O movimento existe porque 1,3 milhão de pessoas não têm direito a ter a sua própria moradia, que é um direito constitucional”, defende.

Boulos aponta que a mesma Constituição que garante habitação a todas as pessoas, institui que as terras precisam cumprir uma função social. “O insuspeito Estatuto das Cidades, que não possui nenhum caráter bolivariano, foi aprovado no governo FHC e regulamenta o direito a propriedade, determinando a desapropriação para imóvel que ficar ocioso e devendo imposto. Isso já faz 17 anos e nenhum imóvel foi desapropriado até hoje. No Brasil tem lei que pega e que não. No nosso governo essa lei vai pegar”.

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