Impedir o direito de livre manifestação previsto na Constituição brasileira. Esse parece ser o objetivo do deputado Fábio Ramalho (MDB-MG), do mesmo partido de Temer, ao desarquivar o PL 1.572/07, que propõe criminalizar a classe trabalhadora quando se manifestar nas ruas. O parlamentar solicitou ainda que a matéria tramite em regime de urgência para que a votação aconteça o mais rápido possível.

O projeto, se aprovado, deve endurecer ainda mais a repressão aos movimentos sociais e sindicais. Na prática, as manifestações poderão ser consideradas crime.

Na opinião do dirigente sindical do STIU-DF, David Oliveira, os deputados estão querendo impedir a reação da classe trabalhadora contra uma série de retrocessos. “Querem impedir a nossa luta contra a reforma trabalhista, contra a tentativa de reformar a previdência e contra as privatizações que estão sendo implementadas no Brasil. Isso é uma afronta aos trabalhadores”, avalia.

A proposta é de autoria do ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), pai do mensalão tucano que foi condenado e teve a condenação mantida em 2ª instância, mas ao contrário do ex-presidente Lula, passou quase 20 anos respondendo em liberdade, além de ter a pena reduzida pelos desembargadores.

David também entende que possa haver outras razões para que essa proposta seja apresentada neste momento extremamente delicado. Para ele, pode ser uma forma autoritária de tentar conter qualquer tipo de reação da classe trabalhadora ao caráter evidente de perseguição ao ex-presidente Lula, que representa inclusão social e redução de desigualdade no imaginário de uma parcela considerável das trabalhadoras e trabalhadores.

“O ex-presidente Lula, mesmo preso, tem cerca de 35% de intenções de voto. Ele representa o sonho de milhões de trabalhadores de voltarem a trabalhar, de ver seus filhos ingressarem na faculdade assim como a possibilidade de voltar a ter o padrão de vida que tinham há alguns anos e que hoje não têm mais”, avalia David.

“Lula ainda é uma ideia fixa no imaginário da classe trabalhadora. Por isso é uma pessoa a ser combatida e mantida presa para que não possa se candidatar”, acrescenta.